Ensino bilíngue: moda passageira ou investimento necessário?
Entenda as características desse tipo de escola e os cuidados que os pais devem ter no momento de escolher e matricular os filhos
Educação|Karla Dunder, do R7
Em um mundo globalizado e dominado por novas tecnologias, falar uma segunda língua é fundamental. Por essa razão, muitos pais se perguntam se vale a pena colocar os filhos em uma escola bilíngue, até porque o investimento é alto. O primeiro passo é entender a diferença entre o ensino bilíngue, as escolas de idioma e os colégios internacionais.
Nos cursos ou nas aulas de inglês, os estudantes aprendem a partir de estruturas gramaticais da língua e do vocabulário.
Os colégios internacionais adotam não apenas a língua, mas todo o currículo e carga horário do país de origem. “No geral, os estudantes desse tipo de escola seguem para a graduação ou cursos no exterior”, diz César Barreto, gerente de avaliações do British Council.
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A proposta da escola bilíngue é que o estudante faça uma imersão e tenha formação em duas línguas, tanto na materna como naquela sugerida pela escola. A mais comum é o inglês. O conteúdo em sala de aula é ensinado tanto em português como no segundo idioma e segue a grade curricular brasileira.
“O aluno pode ter aulas de matemática em inglês e depois em português”, explica o CEO da Maple Bear, Arno Krug. “Nas escolas bilíngues, os estudantes têm a mesma carga horária em português e na língua estrangeira.”
“A criança aprende a língua por meio de outros conteúdos e assimilam um segundo idioma de maneira mais orgânica”, avalia Vanessa Tenório do Systemic Bilingual. “Muitas escolas hoje aumentam o número de aulas de inglês, sem, no entanto, ser efetivamente uma escola bilíngue, os pais devem ficar atentos para não levar gato por lebre.”
Uma vantagem do estudante exposto ao ensino bilíngue é o “ajuste fonético”, como observa Barreto. A criança consegue estabelecer conexões e perceber, de maneira quase automática, as diferenças de pronúncia nos diferentes idiomas.
Bom ou Mau?
O sistema bilíngue é melhor para a criança? Para Barreto, não há certo ou errado. “O que existe é a expectativa da família e a proposta pedagógica da escola, que precisam estar alinhadas”, avalia Barreto.
Para quem pretende morar fora do Brasil ou estudar no exterior, a escola bilíngue pode ser mais atrativa, por exemplo. O que não quer dizer que um curso de idiomas é uma opção ruim. Mais uma vez, a escolha deve ser feita de acordo com as necessidades da família. "A criança aprende em todos os contextos, quanto mais estímulos, melhor."
Bilíngue com jeitinho brasileiro
Uma questão importante é a falta de uma legislação federal que regule essa modalidade no Brasil. “Não temos, por exemplo, uma definição do número de horas mínimas para que a escola seja considerada bilíngue”, afirma Vanessa.
“Alguns Estados como Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina tem algo nesse sentido, mas como não temos uma lei federal e tudo fica confuso”, avalia Barreto.
Avaliação
Outro ponto que merece atenção especial dos pais é a formação dos professores. No Brasil, o índice de proficiência em inglês é muito baixo. Vale questionar? será que todos esses profissionais recebem o treinamento adequado?
Antes de escolher a escola é preciso confirmar qual o tipo de formação dos professores, se eles são de fato fluentes na língua, se são avaliados e com qual frequência. Avalie também se a grade curricular foi adaptada ao ensino bilíngue.
“E o principal, como os alunos serão avaliados, quais provas farão ao longo desse ciclo para confirmar se adquiriram o conhecimento esperado e se a escola entregou aquilo que prometeu”, orienta Barreto.