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Educação

Projeto arrecada dinheiro para levar internet a alunos de periferia

“4G para estudar” é uma iniciativa de movimentos de educação de todo o país para que jovens possam estudar durante a pandemia do novo coronavírus

Educação|Guilherme Padin, do R7

Coletivo pretende angariar R$ 600 mil com a vaquinha online
Coletivo pretende angariar R$ 600 mil com a vaquinha online

A pandemia do novo coronavírus impôs mudanças e uma nova rotina a muitas pessoas pelo Brasil: profissionais perderam empregos, outros trocaram os escritórios pelo home office e estudantes deixaram o aprendizado na sala de aula rumo à sala de casa. No entanto, nem todos os alunos tinham estrutura para esse afastamento repentino, e esse contexto joga luz a mais uma desigualdade educacional no país: dados recentes indicam que mais de 40 milhões de brasileiros não têm acesso à internet – desses, quase cinco milhões são crianças e adolescentes.

Fazer um cenário tão desigual tornar-se um ambiente onde todos os estudantes possam sair do mesmo lugar em busca de seus sonhos – ou ao menos diminuir o desequilíbrio – é a meta do “4G para estudar”, uma iniciativa costurada por movimentos de educação de todo o país para oferecer pacotes de internet a jovens de periferia e, consequentemente, a possibilidade para que possam acompanhar os estudos durante a pandemia e se preparar para os vestibulares no fim do ano.

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“O acesso à internet no Brasil não é democrático, e o acesso à educação – especificamente ao ensino superior – é pouco. Na pandemia, o acesso à educação virou sinônimo de acesso à internet. [A pandemia] juntou dois cenários que representavam desigualdades e os exponenciou. O problema do acesso à internet é muito urgente porque é através dela que os conteúdos são acessados e as aulas são dadas agora”, afirma Isabella Avellar, mobilizadora e uma das representantes do coletivo Nossas, que realiza o projeto.

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O coletivo pretende angariar R$ 600 mil com a vaquinha online, e distribuir o valor já arrecadado (R$ 484 mil) para 31 cursinhos pré-vestibulares em comunidades de todo o país, que estão envolvidos no projeto. O plano é alcançar, quando a meta for batida, 4.625 estudantes de periferia com pacotes de três meses de internet móvel.

“A campanha 4G para estudar está atendendo a urgência criada pelas dificuldades trazidas pela pandemia com o ensino EAD e a desigualdade de acesso. Os alunos têm diversas dificuldades pra acessar [os estudos], e uma delas é com a internet”, afirma Victória Alves, estudante e membro da Uneafro Brasil, um coletivo para a formação educacional e sociopolítica de jovens e adultos nas periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro.


Os coletivos do “4G para estudar”, como a Uneafro, estão espalhados por estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul, Paraíba, Mato Grosso e Santa Catarina.

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Os cursinhos pré-vestibulares têm baseado suas aulas pela internet, como relata Avellar, muitas vezes por aplicativos de mensagens como o WhatsApp, que é o aplicativo que o plano de dados dos estudantes consegue cobrir.

“Se não podemos sair entregando livros por causa da pandemia e do distanciamento, como vamos incentivar os estudos? Os [cursinhos] pré-vestibulares, que levam a educação popular do Brasil à frente, estão fazendo o que podem para as aulas seguirem. A gente quis, neste contexto, atacar este problema específico”, afirma.

Para doar e ajudar os estudantes, basta acessar este link. É possível fazer doações de R$ 20 (com dois chips para estudantes) até R$ 1.000 (garantindo acesso de internet uma turma inteira de pré-vestibulares).

'4G para estudar é nossa segunda luta'

Alves relembra que esta é a segunda luta dos movimentos de educação popular na pandemia. Houve, há pouco mais de um mês, uma campanha chamada “Sem aula, sem Enem”, que funcionou como plataforma de pressão política pelo adiamento do Enem, que concretizou-se no dia 20 do mesmo mês.

Os estudantes e os professores envolvidos se cadastravam na campanha com um e-mail pessoal, e vários e-mails com pedidos pelo adiamento do exame eram disparados para deputados de todo o país. 

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“Com esses envios de mensagem, com centenas de estudantes, escolas, cursinhos comunitários, enchemos as caixas de e-mails dos deputados. Foi nossa primeira vitória. Com o Enem adiado, nossa luta é pra que os alunos tenham acesso à internet”, diz ela.

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