"Vi que ela ia passar por cima da gente", relatou motoboy ferido em acidente em Guarapari
O motoboy contou que no dia da colisão estava trabalhando fazendo entrega de correspondências
Folha Vitória|Do R7
O motoboy que sobreviveu ao acidente após uma briga de trânsito em que uma motorista de carro arrastou ele e a companheira em uma moto no Centro de Guarapari contou que estava fazendo entregas de correspondência quando tudo aconteceu.
O resultado do acidente foi a morte da mulher que estava na garupa da motocicleta e o condutor, Webster Luiz Matos com vários ferimentos. Ele conversou exclusivamente com a equipe da TV Vitória e contou sobre a recuperação.
"Tive fratura na costela, um trauma no peito e traumatismo craniano, mas foi leve não corro risco. Fiquei com medo. Hoje quando estou na rua e vejo um carro acelerado, vem um flash na cabeça e lembro do dia do acidente", contou ele.
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O motoboy contou que no dia da colisão estava trabalhando fazendo entrega de correspondências. Era ele quem pilotava a moto em que a companheira, Franciani Bueque da Silva, de 32 anos, estava na garupa.
A mulher com quem morava há mais de um ano, morreu no acidente. Segundo Webster, tudo começou depois de um desentendimento e uma fechada no trânsito.
"Eu e ela (a companheira) estávamos na moto tranquilos. Tinha uma moça na nossa frente no carro. Fui ultrapassar, porque ela estava devagar. Fui cortar pela direita, e ela jogou o carro pra cima da gente e nos fechou. Eu achei que fosse algum conhecido, por isso, voltei para ver quem era, e vi que nunca tinha visto aquela moça. Eu acho que ela pensou que tínhamos voltado para brigar. Quando voltei, ela já começou a xingar, me mandou calar a boca e jogou o carro pra cima da gente de novo que foi aonde ela acelerou. Nessa hora, eu acertei o pé no retrovisor dela, mas sei que foi errado da minha parte fazer isso também", relatou ele.
Depois da discussão, segundo Webster, ele tentou se livrar da mulher que começou a perseguir o casal, mas não teve êxito. Ela estava transtornada.
"Vi que ela acelerou o carro e ia passar por cima da gente. E foi nessa hora que entrei na contramão, porque eu pensei que se eu entrasse, passariam outros carros e poderia inibir ela de vir atrás de nós. Quando fui para a contramão, não tinha nenhum carro. Foi a hora que ela veio acelerando e passou por cima da gente", contou.
O motoboy ressaltou ainda que depois que ele e a companheira foram atingidos pela mulher, não lembra de mais nada, apenas do momento em que entrou na contramão. De acordo com ele, estava desesperado.
A motorista identificada como Karen Keithy Morais Ferreira, de 36 anos, foi presa em flagrante e autuada por homicídio qualificado. A Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) informou que Karen permanece no Centro Prisional Feminino de Cariacica.
O atropelamento aconteceu no fim de agosto. Na ocasião, a motorista do carro disse à polícia que estava possuída por ódio e que teria feito tudo de propósito. Para a família, nada justifica o crime.
"Sei que problemas, todos nós temos. Nosso dia a dia, esses dois últimos anos que estamos vivendo muito difíceis, mas não existem motivos para ela ter feito o que fez", explicou Angelita Bueque, tia de Franciani, que morreu no acidente.
O advogado, Lucas Francisco Neto, que representa a família de Franciani e de Webster, afirmou que a motorista não demonstrou arrependimento no que fez.
"Ela demonstrava um desprezo no jeito de falar para com as outras pessoas, um desvalor pela vida humana. Ela tratou a prisão em flagrante dela como algo menor, parecia que acreditava que estava na razão dela", explicou o advogado.
Familiares de Franciani chegaram a protestar pela morte da vítima nas ruas de Guarapari. A mãe de Webster também participou do manifesto enquanto o filho se recuperava no hospital.
Os dois filhos de Franciani estão sob os cuidados de familiares. Já webster é obrigado a conviver com a ausência de quem ele tanto amava e sonhava construir uma vida.
A Polícia Civil informou que o inquérito policial deste caso foi finalizado no início deste mês e remetido à Justiça. A motorista foi autuada por homicídio qualificado.
Segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o caso tramita na 1ª Vara Criminal de Guarapari. A mulher vai responder por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
*Com informações do repórter Douglas Camargo, da TV Vitória / Record TV.