A rotina intensa e o lado emocional da guerra
Repórteres André Tal e Gilson Fredy contam que a cobertura do conflito vai muito além do medo de bombardeios
Internacional|Do R7
A cobertura de uma guerra é sempre muito intensa. Mesmo que a gente não esteja nas áreas mais atingidas, não é fácil receber mensagens no seu celular a todo momento dizendo para você separar documentos, roupas e comidas e se preparar para um possível ataque.
Quando andamos pela cidade, somos constamentente parados na rua por pessoas do serviço de segurança, que querem ter certeza de quem somos. Eles pedem os nossos documentos de jornalista para se certificarem de que não somos russos infiltrados no país. É uma grande paranoia.
Além disso, não é fácil comer por aqui. Se não se organizar para almoçar ou jantar até o fim da tarde, você ficará sem comida. Mesmo em Lviv, poucos restaurantes ficam abertos por causa do toque de recolher.
Tem o lado emocional também. O nosso produtor, Dimitro, que está o tempo todo com a gente, vive um drama pessoal. A família dele está na Polônia. E, mesmo longe da esposa e dos filhos, ele está ciente de que pode ser convocado para ir à guerra a qualquer momento.
Não sabemos quando isso vai acabar, mas logo voltamos para casa. Já para Dimitro, essa guerra vai transformar a sua vida. O nível de doação das pessoas aqui é enorme. E sentimos toda essa carga emocional. Não tem como não se sensibilizar com tudo isso.