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Candidatura da Finlândia à Otan pode levar a uma invasão russa do país, diz especialista

A proposta de adesão do país nórdico à Aliança Militar Atlântica deve aumentar as tensões por toda a Europa

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Tropas da Otan e de outros países, como Finlândia e Suécia, em exercício militar no Ártico
Tropas da Otan e de outros países, como Finlândia e Suécia, em exercício militar no Ártico Tropas da Otan e de outros países, como Finlândia e Suécia, em exercício militar no Ártico

O presidente e a primeira-ministra da Finlândia anunciaram que o país decidiu pedir oficialmente a entrada na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), composta de nações do Ocidente e liderada pelos Estados Unidos.

O pronunciamento finlandês gerou descontentamento por parte do governo da Rússia, que afirmou que uma possível candidatura geraria consequências negativas ao país. Inclusive, um dos principais motivos para a invasão da Ucrânia pelos russos foi a vontade de Kiev em aderir à Otan.

Segundo o cientista político e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Pedro da Costa Junior, a candidatura da Finlândia chega em um momento inoportuno, dada a guerra no Leste Europeu e o histórico de neutralidade do país na história.

“A Finlândia é uma democracia e pode optar por entrar na Otan, claro que pode. Mas é recomendável que ela entre na aliança nesta altura, neste contexto de guerra, tendo em vista o histórico deles de neutralidade?”, questiona Costa Junior, autor do livro Colapso ou Mito do Colapso.

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O cientista político destaca que é impossível determinar quais serão os próximos passos da Rússia diante de uma provável candidatura finlandesa à Otan. Todavia, a população do país deve começar a sofrer com sanções em áreas como energia ou até mesmo uma invasão nos moldes ucranianos.

“A população pode sofrer, evidentemente, com sanções econômicas, energéticas. Eles dependem da energia russa, podem sofrer uma invasão russa. Então, ninguém sabe se isso realmente está nos cálculos ou não do Kremlin.”

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Histórico está contra a Finlândia

Vladimir Putin fez ultimato em 2007 contrário à expansão da Otan
Vladimir Putin fez ultimato em 2007 contrário à expansão da Otan Vladimir Putin fez ultimato em 2007 contrário à expansão da Otan

O histórico russo em cenários nos quais a Otan flerta com países da área de influência de Moscou não é favorável aos finlandeses. Em 2008, quando a Geórgia conversava com a Aliança, as Forças Armadas da Rússia se juntaram às tropas separatistas de duas regiões do país para uma operação que decretou a autoindependência de Abecásia e Ossétia do Sul.

Costa Junior ainda alerta para a fragilidade natural da fronteira de mais de 1.300 km de extensão que separa a Finlândia da Rússia. No local, não há grandes montanhas, rios ou outros obstáculos geográficos que dificultem uma suposta invasão.

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Portanto, permitir que a Finlândia faça parte da Otan pode ser interpretado por russos como ter uma fronteira de milhares de quilômetros com os seus maiores opositores, os Estados Unidos.

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“A Rússia já declarou que não vai suportar essas ameaças na sua fronteira. O país classifica essas atitudes de ameaças porque, do ponto de vista russo, isso é uma questão existencial, uma questão de segurança. A Rússia já foi invadida por essas fronteiras.”

Desde 2007, a Rússia exige do Ocidente que não aumente os territórios da Otan. O chanceler russo Serguei Lavrov afirmou neste ano que o pedido do país parece um “diálogo de surdos”, em alusão ao constante expansionismo da Aliança Militar.

Como reduzir as tensões?

Redução das tensões pode estar nas mãos do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg
Redução das tensões pode estar nas mãos do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg Redução das tensões pode estar nas mãos do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg

Para o cientista político, a melhor maneira de reduzir as tensões no Leste Europeu é a Finlândia e qualquer outro país não aderirem à Otan nos próximos meses.

Costa Junior acredita que a aliança militar tem papel determinante na manutenção da paz, não só como grupo de defesa mútua, mas também como entidade de segurança internacional.

“A Otan era uma aliança, na sua origem, defensiva, não expansiva e ofensiva. É isso que está no tratado original da Otan. Depois da Guerra Fria, nos anos 1990, ela se tornou claramente ofensiva, expansiva, e uma ameaça existencial do ponto de vista russo. Então ela foi anexando mais países, expandindo territórios pela Europa Oriental. A Otan podia também descalonar dizendo que não iria aceitar países.”

A Finlândia deve oficializar neste domingo (15) a candidatura do país à Otan. Nas próximas semanas, a Suécia também pode seguir esse passo e anunciar o desejo de entrar na Aliança.

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