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Adesão da Finlândia à Otan ameaça segurança da Europa

Em fala irônica, porta-voz do governo da Rússia afirmou que a entrada de mais países na Aliança não traz estabilidade ao continente

Internacional|Do R7

Finlandeses e russos têm rivalidade histórica e dividem mais de 1.300 km de fronteira
Finlandeses e russos têm rivalidade histórica e dividem mais de 1.300 km de fronteira

O presidente e a primeira-ministra da Finlândia se declararam favoráveis, nesta quinta-feira (12), a uma adesão "sem demora" à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e afirmaram que a decisão do país nórdico será anunciada, a princípio, no domingo (15).

A Rússia reagiu imediatamente à notícia e considerou que, "sem dúvida", será uma ameaça para o país, nas palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "A ampliação da Otan e a aproximação da Aliança de nossas fronteiras não tornam o mundo nem o nosso continente mais estáveis e seguros", disse Peskov à imprensa.

A candidatura finlandesa é uma consequência direta da guerra na Ucrânia, e provavelmente haverá uma demanda similar da Suécia, aguardada para os próximos dias.

"Ser membro da Otan reforçaria a segurança da Finlândia. Como membro da Otan, a Finlândia também reforçaria a Aliança em seu conjunto. A Finlândia deve ser candidata à adesão sem demora", afirmaram, em um comunicado publicado nesta quinta, o presidente Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin.


O secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, deu boas-vindas a essa intenção da Finlândia e garantiu que sua candidatura "seria recebida calorosamente na Otan e o processo seria fluido e rápido".

Assim como muitos membros da Otan, o chanceler alemão Olaf Scholz expressou seu "apoio total" à Finlândia, enquanto a Presidência da França disse respaldar "plenamente a decisão soberana" do país nórdico.


Os dois líderes finlandeses pretendem conceder uma entrevista coletiva no domingo (15) sobre "decisões que envolvem a política em termos de segurança da Finlândia", no que será o momento de oficializar o pedido.

Atualmente, 76% dos 5,5 milhões de finlandeses se declaram favoráveis à adesão, de acordo com uma pesquisa publicada na segunda-feira (9). Antes da guerra na Ucrânia, o apoio era de 25%.


A posição de ambos estabelece a tendência do país, que divide fronteira de mais 1.300 km com a Rússia, com a qual tem um passado de guerras.

"Olhem-se no espelho"

No Parlamento finlndês, a maioria dos 200 deputados também é favorável. Os legisladores se reunirão na segunda-feira (16) para examinar a proposta do governo e votar posteriormente, informou o presidente da Câmara, Matti Vanhanen.

"Aderir à Otan não é uma decisão que vai contra ninguém", disse o presidente finlandês na quarta-feira (11), em resposta às advertências da Rússia sobre o tema. Para ele, que durante anos apostou em um diálogo Leste-Oeste, a Rússia só pode culpar a si mesma ao observar a união do país vizinho à Aliança.

"Se aderirmos à Otan, minha resposta à Rússia seria: 'Vocês provocaram isso, olhem-se no espelho'", afirmou o presidente.

"Senhor Putin, uma das coisas que você disse foi que não queria uma Otan forte em seu flanco ocidental. Isso é o que você vai ter", declarou o porta-voz do Pentágono, John Kirby, ao se referir a uma aliança "que está ganhando força" e "capacidade de dissuasão".

Senadores democratas e republicanos dos Estados Unidos prometeram nesta quinta-feira (12) agir rapidamente para apoiar o pedido da Finlândia. É "um grande passo para o futuro da segurança transatlântica", tuitou o líder da bancada republicana, Jim Risch.

Submetida a uma neutralidade forçada por Moscou durante a Guerra Fria, a Finlândia aderiu à União Europeia e à Parceria para a Paz da Otan após o fim da União Soviética, mas não é membro da Aliança.

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A Finlândia foi uma província russa (1809-1917) e também foi invadida pela União Soviética em 1939.

"Esperamos que a Suécia, nossa parceira, chegue à mesma conclusão que nós, e possamos ser candidatos juntos", disse o ministro da Defesa da Finlândia, Antti Kaikkonen.

A Suécia, que também permaneceu à margem de alianças militares por décadas, provavelmente anunciará sua candidatura de adesão após uma reunião do Partido Social-Democrata, da primeira-ministra Magdalena Andersson, prevista para o domingo.

Os dois países estão preocupados com a reação russa ao pedido de adesão e vêm tentando obter garantias de segurança para os meses prévios à entrada formal na Aliança. Uma prova disso são os acordos assinados na quarta-feira com o Reino Unido para assistência mútua.

Para entrar efetivamente na Aliança, os parlamentos dos 30 países-membros devem ratificar a adesão dos novos integrantes, um processo que pode levar meses.

Enquanto isso, os dois países, ambos membros da União Europeia, também podem se sentir respaldados pelo artigo 42.7, que prevê a assistência mútua nos tratados europeus, destacou o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto.

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