'Fui conservador', diz australiano que falou em 1 bi de bichos mortos
Christopher Dickman, responsável pelo número que assombrou o mundo, diz ao R7 que seus cálculos só contemplam duas regiões afetadas pelos incêndios
Internacional|Giovanna Orlando, do R7
Os incêndios na Austrália, que começaram em agosto, seguem sem controle e avançam pelas florestas e parques, principalmente no leste do país, e deixam números arrasadores para trás.
Até agora, 27 pessoas morreram, mais de 5 milhões de hectares foram destruídos e mais de um bilhão de animais foram mortos e os sobreviventes podem não conseguir sobreviver em um habitat destruído.
O pesquisador responsável pela estimativa, o professor de ecologia Christopher Dickman, diz que o número ainda é conservador. Anteriormente, ele havia estimado que 480 milhões de animais morreram, mas o número considerava apenas a região de Novas Gales do Sul.
Agora, a nova versão do estudo também conta com os incêndios em Victoria.
Várias espécies fora do cálculo
“Nós não temos boas estimativas de densidade de animais em outros estados [que também foram afetados], o que pode extrapolar de maneira confiável [o resultado final], então é muito seguro e conservador dizer que mais de um bilhão de animais foram mortos”, conta, em entrevista ao R7.
Apenas mamíferos terrestres, aves e répteis foram considerados na estimativa. Morcegos, sapos, peixes e invertebrados não foram incluídos, já que não se tem uma ideia do tamanho das populações.
O professor ressalta que “nem todos os animais nas áreas queimadas seriam necessariamente mortos e diretamente afetados pelo fogo'. Ele lembra que alguns voariam, outros podem ir para debaixo da terra, outros encontram um pequeno refúgio que não foi queimado embaixo de pedras, mas o tamanho e a intensidade do incêndio “torna improvável que muitos sobrevivam”.
Perigo de sobreviver sem habitat natural
Muitos animais foram salvos e voluntários tentam resgatar cangurus e coalas encontrados nas áreas queimadas. Para fugir do fogo, muitos animais estão buscando refúgio nas cidades. Ainda assim, os animais vão encontrar dificuldades em se manter quando voltarem para a natureza depois que o fogo for eliminado.
“Em áreas severamente queimadas, a falta de abrigo, de comida e incursão de predadores invasores (como raposas vermelhas e gatos selvagens), levam a uma indireta redução no número de animais, matando os sobreviventes das chamas”, diz.
Extinção funcional?
Em dezembro, pesquisadores e conservacionistas australianos anunciaram que os coalas estavam funcionalmente extintos, já que seu habitat natural teria sido destruído em escala catastrófica nos incêndios e eles perderam uma grande parte da população.
O termo é criticado por parte da comunidade científica, que diz que falar que uma população está funcionalmente extinta faz parecer que eles não têm mais salvação, o que poderia afetar tentativas de conservação da espécie.
Mesmo assim, não é errado dizer que a espécie está ameaçada.
EM FOTOS: Conheça Urso, o cachorro que ajuda a resgatar coalas na Austrália