Oito mais ricos do mundo acumulam mesma riqueza que metade da humanidade, diz Oxfam em Davos

ONG afirmou que a evasão fiscal é um dos fatores que alimentam a desigualdade no mundo

16/01/2017 - 08h53 (Atualizado em 22/02/2024 - 19h20)

Apenas oito indivíduos, todos homens, possuem tanto dinheiro quanto a metade mais pobre da população mundial, disse nesta segunda-feira (16) a Oxfam em um relatório que pediu por ações que reduzam os ganhos daqueles que já estão no topo.

Em um momento no qual políticos e muitos bilionários se reúnem para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o relatório da ONG sugere que a desigualdade de renda está maior do que nunca, com novos dados para China e Índia indicando que a metade mais pobre da população mundial possui menos recursos do que anteriormente estimado.

A Oxfam, descrevendo essa desigualdade como “obscena”, disse que se os novos dados estivessem disponíveis antes, teriam mostrado que, em 2016, oito pessoas possuem o mesmo que as 3,6 bilhões que compõem a metade mais pobre da humanidade. Antes, era estimado que 62 pessoas correspondessem a essa parcela da população.

Em 2010, foram necessários os ativos combinados das 43 pessoas mais ricas do mundo para se igualar às riquezas somadas dos 50% mais pobres, de acordo com os mais recentes cálculos.

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A desigualdade tem movimentado a agenda internacional nos últimos anos, inclusive tendo o papa Francisco entre aqueles que alertaram sobre seus efeitos corrosivos, ao passo que um ressentimento com as elites tem ajudado a motivar um surto no populismo político.

“Vemos muita preocupação —e claramente a vitória de Trump e o Brexit deram novo ímpeto a isso neste ano — mas há uma falta de alternativas concretas”, disse Max Lawson, chefe de políticas da Oxfam.

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“Há maneiras diferentes de gerenciar o capitalismo que poderiam ser muito, muito mais benéficas para a maioria das pessoas.”

A Oxfam pediu em relatório para que se reprimisse evasão fiscal e por uma mudança no chamado capitalismo acionário “sobrecarregado”, que recompensa desproporcionalmente os ricos.

Enquanto muitos trabalhadores lutam com rendas estagnadas, a riqueza dos super ricos tem crescido uma média de 11% ao ano desde 2009.

Bill Gates, homem mais rico do mundo e rotineiro frequentador de Davos, viu sua fortuna crescer em 50%, ou 25 bilhões de dólares, desde que anunciou planos de deixar a Microsoft em 2006, apesar de seus esforços de se desfazer de grande parte dessa riqueza.

Embora Gates exemplifique como a riqueza excessiva possa ser reciclada para ajudar os pobres, a Oxfam acredita que a “grande filantropia” não ajuda a solucionar o problema fundamental.

“Se bilionários escolherem dar seu dinheiro, essa é uma coisa boa. Mas a desigualdade importa e você não pode ter um sistema onde bilionários estão sistematicamente pagando menos impostos do que suas secretárias ou seus faxineiros”, disse Lawson.

A Oxfam baseou seus cálculos em dados do banco suíço Credit Suisse e da Forbes.

Os oito indivíduos nomeados no relatório são Gates; Amancio Ortega, fundador da Inditex; o investidor veterano Warren Buffett; o magnata mexicano Carlos Slim; o chefe da Amazon, Jeff Bezos; Mark Zuckerberg, do Facebook; Larry Ellison, da Oracle, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.

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10 - Presidente Nursultan Nazarbayev, Cazaquistão (R$ 3,2 bilhões): Apesar de ser presidente de um dos países mais pobres da Europa, Nazarbayev acumulou uma riqueza considerável. Tendo ocupado o cargo de Presidente da República Socialista Soviética Cazaque entre 1984 e 1989, ele foi eleito o primeiro presidente do Cazaquistão em 1991.

O estilo autoritário de seu governo e o desprezo pelos direitos humanos fazem com que Nazarbayev seja amplamente criticado pela mídia internacional, que levanta dúvidas inclusive sobre a legitimidade das eleições nas quais ele foi eleito

9 - Príncipe Albert II, Mônaco (R$ 6,5 bilhões): O príncipe Albert Alexandre Louis Pierre Grimaldi é o segundo membro mais rico dentre todas as famílias reais da Europa. Seus negócios incluem participações em cassinos e outros estabelecimentos de entretenimento em Mônaco, além de diversos imóveis, tanto em seu país de origem quanto na França

8 - Emir Sheikh Tamim bin Hamad bin Khalifa Al Thani, Catar (R$ 6,5 bilhões): Além de estar entre os 10 líderes mais ricos do mundo, Emir Sheikh Tamim é também o mais jovem da lista. Graduado da Academia Militar britânica de Sandhurst, Tamim manteve sua posição nas Forças Armadas do Catar até assumir cargos em escritórios ligados às áreas da segurança e economia.
Sua imensa riqueza veio tanto por meio de uma gigantesca herança quanto de seus pesados investimentos na economia indiana

7 - Rei Mohamed VI, Marrocos (R$ 6,8 bilhões): Com uma carteira de investimentos que inclui desde bancos, mercearias e até mesmo bebidas alcoólicas, quase nenhum mercado passou batido para o rei Mohamed. Ele também tem grandes extensões de terra, utilizadas principalmente para fins agrícolas

6 - Emir Mohammed bin Rashid Al Maktoum, Dubai (R$ 13 bilhões): Ao longo de sua vida, o Emir Maktoum participou da abertura de diversos negócios, que incluem empresas como a Emirate Airlines, Dubai Ports World (um dos maiores portos comerciais do mundo), e o Dubai World (uma grande companhia que atua no setor imobiliário em Dubai).

Amante de corridas de cavalos, Maktoum é mundialmente conhecido por seus estábulos, que contam com cavalos puro-sangue de ponta, usador pelo Emir nas disputas

5 - Prince Hans-Adam II, Liechtenstein (R$ 13 bilhões): Embora seja apenas o quinto na lista, o príncipe Hans-Adam II é o membro da realeza mais rico de toda a Europa. Isso se deve, principalmente, à participação de sua família no grupo bancário LGT, que rende R$ 24 bilhões para a realeza como um todo.

O príncipe Hans-Adam também acumulou uma grande coleção de arte, que foi colocada para exposição pública no Museu do Liechtenstein

4 - Presidente Khalifa bin Zayed Al Nahyan, United Arab Emirates (R$ 48,9 bilhões): Dizer que o califa Nahyan é um presidente no mais tradicional dos sentidos seria incorreto. Na verdade, ele tomou o poder depois da morte de seu pai em 2004.

Além de presidente, ele também é presidente da Autoridade de Investimentos de Abu Dhabi, que lida com um valor estimado de R$ 1,9 trilhões em ativos. Ele também encomendou o maior iate já construído no mundo, e é responsável pelo investimento no maior arranha-céus já construído, o Burj Khalifa

3 - Sultan Hassanal Bolkiah, Brunei (R$ 65 bilhões): Os escândalos envolvendo o sultão de Brunei são inumeráveis. O mais recente aconteceu quando seu irmão Jefri usou mais de R$ 130 bilhões em ativos da Agência de Investimento de Brunei para cobrir as próprias dívidas e pagar R$ 26 bilhões ao sultão.

Hassanal também se envolveu em polêmica depois que a ex-Miss EUA, Shannon Marketic, alegou ter sido contratada para um trabalho de modelo Brunei mas, ao invés disso, ter sido forçada a fazer "atos sexuais" no palácio do sultão, antes de poder voltar para os Estados Unidos.

Para completar a imagem de um homem que parece não ligar para conceitos como humildade e modéstia, o sultão também é dono de mais de 2500 veículos — o que inclui um Rolls Royce coberto em ouro 24 quilates — e da maior propriedade privada do mundo. O palácio Istana Nurul Iman tem mais de 1.800 quartos, 17 andares e cerca de 200.000 metros quadrados de espaço

2 - King Bhumibol Adulyadej, Thailand (R$ 97,8 bilhões): Tendo reinado por quase 70 anos ininterruptos, o Rei Adulyadej é o chefe de Estado que há mais tempo governa seu país no mundo. Nascido em Massachusetts — o que faz dele o único membro da realeza nascido nos Estados Unidos —, ele tem investimentos que variam entre 65 bilhões e 130 bilhões, principalmente em empresas do setor imobiliário, bancário e de infra-estrutura

1 - Presidente Vladimir Putin, Russia (R$ 130 bilhões): Ninguém parece ser capaz de determinar com precisão a riqueza do presidente russo. A maioria de seus ativos nos setores do petróleo, energia, armas e investimentos em terras não estão claramente definidos, e ele afirma receber apenas R$ 261 mil por ano, relativos ao seu salário como presidente. No entanto, alguns delatores, como o russo Ivan Rybkin, estimam que a fortuna privada de Putin poderia variar entre R$ 130 bilhões e 228 bilhões.

O que podemos afirmar com certeza é que seu gosto por relógios de luxo e suas 12 propriedades declaradas colocam em sérias duvidas a legitimidade dos negócios do ex-oficial da KGB

(Com informações do Gazette Review)

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