Parte da equipe jurídica japonesa do ex-presidente da Nissan-Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, acusado de irregularidades financeiras no Japão, renunciou nesta quinta-feira (16) a defesa do empresário, depois que sua fuga do país dificultou a realização do julgamento.
Tanto a equipe de advogados do escritório de Junichiro Hironaka, seu principal advogado, quanto o advogado Takashi Takano, que organizou a libertação do empresário em março do ano passado, renunciaram, conforme confirmado à Agência Efe por seus respectivos escritórios. No caso, ainda existem outros três advogados contratados por Ghosn, segundo a rede pública japonesa NHK.
A renúncia dos advogados japoneses de Ghosn foi conhecida no mesmo dia em que uma reunião preparatória para o julgamento foi realizada, que estava marcado para iniciar neste semestre, cuja realização está comprometida após a fuga do empresário do país.
Complicação no caso
A lei japonesa não permite que os réus sejam julgados à revelia (sem estarem presentes no tribunal) em casos como o de Ghosn. Portanto, seria impossível realizar tal julgamento no momento, e nenhuma decisão foi anunciada.
Leia também
Defesa de Carlos Ghosn diz que Nissan ‘adultera a verdade’
Falha de segurança do aeroporto facilitou fuga de Ghosn, diz jornal
Nissan diz que fuga de Ghosn não encerra processo por má conduta
Promotoria de Tóquio pede prisão de esposa de Ghosn
Ghosn diz que embaixador francês o avisou de conspiração contra ele
Os advogados de Ghosn acima mencionados estavam programados para participar da reunião de hoje onde explicariam a fuga do brasileiro e suas atividades enquanto estava sob fiança, mas não compareceram, de acordo com a imprensa local.
O escritório de Hironaka já havia impedido a tentativa de apreensão na semana passada pelo Ministério Público de um dos computadores usados por Ghosn durante esse período, por considerar que a entrega do mesmo violaria o segredo profissional entre advogado e cliente.
Carlos Ghosn fugiu clandestinamente do Japão para o Líbano (onde tem nacionalidade, além da brasileira e francesa) no final de dezembro, quando aguardava seu julgamento sob fiança.