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Regras da diplomacia: Como funcionam as relações entre países

Pandemia deixou evidente laços de solidariedade, mas também como o terreno diplomático pode ser palco de conflitos como o dos EUA com a China

Internacional|Giovanna Orlando, do R7


Tensão diplomática: EUA e China fecharam consulados em Houston e Chengdu
Tensão diplomática: EUA e China fecharam consulados em Houston e Chengdu

Em um mundo cada vez mais globalizado, todas as nações tentam manter diálogos, acordos econômicos, relações pacíficas e encontrar alianças e parceiros comerciais pelo globo, a fim de continuarem crescendo e estreitando relacionamentos pacíficos que duram anos.

Porém, nem sempre essa paz e tranquilidade no cenário da diplomacia internacional impera. Nos últimos anos, diversas nações acabaram discordando de acordos pré-estabelecidos e acabaram lançando sanções umas contra as outras, acabaram com acordos comerciais, deixaram blocos econômicos ou organizações globais.

VEJA TAMBÉM: Por que os conflitos de hoje giram em torno das sanções econômicas

Neste ano, a pandemia do novo coronavírusmostrou as duas formas como a diplomacia e as relações internacionais podem funcionar. Se de um lado nações se uniram para buscar uma vacina, um continente inteiro coordenou o fechamento de fronteiras e governos do mundo inteiro ajudaram financeiramente países mais pobres; de outro algumas nações se recusaram a ajudar e culpabilizaram a China por ter permitido que a doença se espalhasse pelo mundo.

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Nem sempre as nações conseguem se manter em paz e sem atritos, mas a forma como os países lidam com isso é um fator determinante para o futuro da diplomacia, com acordos que beneficiem os dois governos ou com um corte total das relações.

O funcionamento das relações bilaterais

A forma como um país vai tratar o outro varia de nação para nação, de quem é a figura central do governo e das ideologias que regem esse governo, explica o professor de Relações Internacionais da ESPM e diplomata, Fausto Godoy.

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Segundo o professor, países que têm ideologias parecidas acabam se aproximando e tendo um relacionamento mais delicado com países com pensamentos diferenciados.

Governos que são alinhados ao neoliberalismo tendem a se relacionar melhor e países com ideologia de extrema-direita acabam se aproximando, da mesma forma que países liderados pela esquerda acabam estreitando relações.

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“O relacionamento bilateral é como um país vê o outro, como o seu presidente molda o relacionamento com um outro país”, explica.

Mas apesar de o perfil dos governo nacionais poder mudar a cada eleição, o foco dos diplomatas é manter a relação com países aliados saudável e o diálogo fluindo, para evitar o rompimento das relações.

Ofensas diplomáticas

Um país pode acabar ofendendo e arruinando as relações com outro país de várias formas. Comentários racistas ou de mau gosto vindos de autoridades, tweets atacando governos, falta de participação em acordos internacionais ou conflitos que não se resolvem podem acabar criando atritos de grandes proporções entre nações.

Segundo o professor, o Brasil é o único país do mundo que tem relações diplomáticas com todos os países democráticos do mundo. Historicamente, o país sempre manteve uma posição tranquila com os demais países, principalmente na América Latina, com quem os presidentes tinham ótimo relacionamento com os governos vizinhos.

Brasil x Venezuela: governo Bolsonaro retirou embaixador de Caracas
Brasil x Venezuela: governo Bolsonaro retirou embaixador de Caracas

A imagem mudou um pouco com o governo Bolsonaro, que com uma posição mais agressiva acabou distanciando o Brasil de governos latinos e na Europa, mas encontrou na América do Sul um grande inimigo no campo da diplomacia: a Venezuela.

Apesar do Brasil nunca ter formalmente rompido as relações com a Venezuela, o embaixador foi retirado do país, o que para Fausto é uma “afronta diplomática brutal”, que representa que um país não quer manter diálogo ou a amizade com o outro.

Quando um país começa a entrar em conflito com o outro, algumas atitudes tomadas pelos governos mostram os níveis de descontentamento e gravidade da situação.

Para começar, o embaixador do outro país é convocado para uma conversa. Caso a situação permaneça, o embaixador de uma nação pode ser convocado para consultas, o que mostra um grande descontentamento com o rumo das conversas. A coisa mais grave que pode acontecer nesse cenário é o fechamento da embaixada, que simboliza o fim do diálogo entre os governos.

Fechamento de consulado x fechamento de embaixada

Apesar dos dois cuidarem dos assuntos de um país em outro território, embaixadas e consulados têm finalidades muito diferentes: consulados cuidam de pessoas, enquanto a embaixada representa um país e um governo.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos anunciaram o fechamento de um consulado chinês em Houston, capital do Texas, sob a alegação de que chineses estavam espionando e roubando propriedade intelectual dos EUA. Como retaliação, a China decretou o fechamento de uma embaixada americana em Chengdu.

Enquanto fechamentos de embaixadas são graves e o sinal do fim das relações diplomáticas entre nações, os consulados “podem fechar quando o governo quiser”, diz o professor. “Consulado é prático e é caro de manter”.

Retaliações

Bandeiras erguidas na sede da ONU em Genebra
Bandeiras erguidas na sede da ONU em Genebra

Fechamento de embaixadas e o rompimento total das relações é o ápice da crise diplomática, mas outras medidas podem ser tomadas antes do colapso do relacionamento entre dois países.

Segundo o professor, governos podem decidir retirar embaixadores do país ou convocá-los para consultas, além de denunciar acordos que estavam sendo tratados e não serão mais fechados.

Ainda que um embaixador esteja representando um país e servindo como espécie de porta-voz, ele não tem autonomia para responder sozinho às ameaças ou ofensas de uma nação.

No caso do Brasil, embaixadores no mundo todo precisam da orientação e autorização do Itamaraty antes de responder a algum comentário vindo de governos estrangeiros.

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