Turquia quer mover cidades da planície para as colinas para evitar terremotos
Ministro turco de Urbanismo afirma que núcleos destruídos também devem ser refeitos apenas em solo sólido
Internacional|Do R7
Algumas das cidades destruídas pelos terremotos do dia 6 deste mês terão que se deslocar da planície para as colinas para evitar riscos de futuros terremotos, anunciou nesta segunda-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
"Sempre que possível, queremos deslocar nossos assentamentos das planícies para as montanhas para evitar desastres causados pela liquefação do solo", disse o presidente.
Horas antes, o ministro de Urbanismo, Murat Kurum, também havia indicado à imprensa que os núcleos de população deveriam ser reconstruídos apenas em solo sólido, longe da falha geológica que tem funcionado como epicentro dos terremotos.
Segundo os especialistas, os solos e sedimentos aluviais transmitem as ondas sísmicas melhor do que as formações rochosas, pelo que a destruição de bairros ou povoados neste tipo de terreno tem sido muito maior do que a observada nas colinas.
Este efeito foi especialmente visível em Antioquia, onde a parte antiga, construída ao longo do rio Orontes, cujo curso segue a falha, foi quase totalmente destruída, ao contrário dos bairros periféricos.
Murat também insistiu que não será permitido construir prédios de quatro andares, e que os proprietários de terrenos que queiram construir por conta própria devem seguir os planos dos especialistas.
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Erdogan, que falou com jornalistas durante uma viagem a Antioquia, prometeu que em março terá início a construção de 200 mil novos edifícios nas 11 províncias afetadas.
As províncias de Hatay, Kahramanmaras e Malatya, com mais de 40 mil prédios cada, terão a atividade de reconstrução mais movimentada, seguida por Adiyaman, com 25 mil edifícios planejados.
Erdogan também respondeu aos temores de que o terremoto pudesse ter acabado com a diversidade única da população de Antioquia, onde convivem lado a lado muçulmanos sunitas, alevitas - um ramo monoteísta formalmente islâmico, mas que não cumpre os mandamentos do Alcorão -, cristãos ortodoxos, armênios e judeus.
Esta mistura deu à cidade um caráter liberal e cosmopolita, com uma ampla oferta noturna, em contraste com o caráter conservador e religioso de grande parte das províncias vizinhas.
Muitos moradores locais temem que, tendo perdido tudo no terremoto, os nativos do lugar não retornem após a reconstrução e sejam substituídos por pessoas de outras regiões ou refugiados sírios, o que acabaria com o caráter da cidade.
"Não dê ouvidos aos rumores de que a demografia de Hatay será alterada. Meu Deus, ninguém tem a capacidade de mudar a estrutura demográfica de Hatay", disse Erdogan