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Venezuela: tom mais rígido do Brasil segue linha de outros países da AL

Brasil seguiu declaração do Grupo de Lima, que disse não reconhecer o resultado das eleições venezuelanas; próximos passos devem ser sanções

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Reeleição de Maduro não teve legitimidade reconhecida por Grupo de Lima
Reeleição de Maduro não teve legitimidade reconhecida por Grupo de Lima Reeleição de Maduro não teve legitimidade reconhecida por Grupo de Lima

O tom rígido adotado pelo Itamaraty ao não reconhecer a legitimidade das eleições ocorridas na Venezuela no domingo (20) é resultado de um ordenamento entre o Brasil e outras nações latino-americanas. É esta a opinião de Guilherme Frizzera, mestre em integração da América Latina pela Universidade de São Paulo e doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília.

“A manifestação do Itamaraty era previsível principalmente pelo fato de o Grupo de Lima — que é formado pelo Brasil e mais de dez países das Américas — ter também declarado que não reconhece o resultado das eleições na Venezuela. Se não houvesse esse ordenamento entre os países, provavelmente nossa resposta não teria sido tão dura. Como é um grupo de nações atuando de forma conjunta, a declaração tem peso e significado maiores”, diz o especialista.

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O atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi reeleito com 67,7% dos votos em pleito realizado no domingo (20), segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela. O resultado foi questionado pela oposição, que pediu nova votação devido a denúncias de irregularidades.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse lamentar “profundamente que o governo venezuelano não tenha atendido aos repetidos chamados da comunidade internacional pela realização de eleições livres, justas, transparentes e democráticas”. O comunicado do governo do Brasil completa que as condições em que ocorreu a votação na Venezuela — com presos políticos e lideranças oposicionistas inabilitadas — não favorecem a credibilidade dos resultados.

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Mudança de tom

José Maria de Souza, doutor em Ciência Política e especialista em América Latina das Faculdades Integradas Rio Branco, de São Paulo, ressalta a mudança de tom e lembra que em outras oportunidades o Brasil não demonstrou um posicionamento tão ríspido.

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“Houve votações controversas na América Latina nos últimos 20 anos e muito raramente o Itamaraty deixou de reconhecer os resultados. Mesmo a eleição anterior de Nicolás Maduro na Venezuela foi parte de um processo controverso. À época, Maduro era vice-presidente na chapa de Hugo Chávez, que havia sido eleito mas não tomou posse por estar internado em Cuba”, explica o professor. A oposição venezuelana defendia que, por Chávez não ter sido empossado, Maduro não poderia subir ao cargo. Do outro lado, os chavistas — apoiados por países como o Brasil — diziam que Maduro deveria, sim, assumir o comando do país.

Desdobramentos

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Para Frizzera, o mais importante agora é prestar atenção aos desdobramentos da posição assumida por Brasil e pelo Grupo de Lima:

“Até o momento, já houve a convocação dos embaixadores da Venezuela nas respectivas nações para prestarem esclarecimentos. Este costuma ser o primeiro passo quando há relações diplomáticas estremecidas. Depois disso, é possível que as manifestações sejam levadas a organizações internacionais, o que pode resultar em medidas mais duras como sanções econômicas. É esta a tendência”.

Na opinião do especialista, as consequências para o Brasil não devem ser notáveis — já que o país dificilmente deve sofrer sanções econômicas ou diplomáticas em decorrência da manifestação.

No que diz respeito à Venezuela, os efeitos no cenário pós-eleição também não devem ser drásticos, segundo José Maria de Souza: “Mesmo que as entidades internacionais não reconheçam a credibilidade do pleito, isso não afeta a Venezuela porque ela já está isolada. Já existe um discurso contra outros regimes, o país apresenta um descolamento das organizações regionais e internacionais e estamos vendo mais do mesmo”.

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