Minas Gerais MPMG recorre de suspensão da 1ª denúncia sobre Brumadinho

MPMG recorre de suspensão da 1ª denúncia sobre Brumadinho

Órgão questionou decisão do STJ que transferiu da Justiça Estadual para a Federal a competência para analisar o caso

  • Minas Gerais | Pablo Nascimento, do R7

Denúncia foi oferecida em janeiro de 2020

Denúncia foi oferecida em janeiro de 2020

EFE/Antonio Lacerda

O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) informou, nesta sexta-feira (26), que recorreu da decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que levou à suspensão da primeira denúncia feita contra os possíveis responsáveis pelo rompimento da barragem de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Na prática, a instituição mineira questiona o fato de o STJ ter transferido da Justiça Estadual para a Federal a competência para cuidar do tema. A pauta já estava no Fórum de Brumadinho desde fevereiro de 2020.

A decisão do Tribunal atendeu a um pedido da defesa do ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman, que está entre os denunciados pelas 270 mortes ocorridas na tragédia. Ele alegou que, como foi levantada a possibilidade de crimes contra sítios arqueológicos e da prática de falsificação de documento federal, os delitos estariam ligados à Vara Federal.

Na avaliação do MPMG, o STJ "desconsiderou que os supostos e alegados crimes conexos, que justificaram o declínio da competência para a Justiça Federal, nem sequer foram atribuídos” aos réus na denúncia oferecida pelo órgão.

O recurso do Ministério Público Estadual também alegou que, segundo o próprio STJ, o Tribunal do Júri tem garantia constitucional fundamental que "faz prevalecer sua competência constitucional, garantia fundamental, sobre os demais órgãos de primeiro grau, sejam eles federais ou estaduais”.

A denúncia em discussão foi formulada contra a Vale, a empresa alemã Tüv Süd, responsável por atestar a estabilidade da barragem rompida, e 16 pessoas. Ela foi apresentada com base nas investigações da Polícia Civil, que cita uma "relação promíscua" entre a mineradora e a companhia estrangeira, que escondeu a falta de segurança da estrutura.

Novas denúncias

Uma nova denúncia contra os envolvidos na tragédia pode surgir nos próximos meses – desta vez, por parte do MPF (Ministério Público Federal). Nesta quinta-feira (25), a Polícia Federal indiciou 19 pessoas por 270 homicídios com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

O grupo e as empresas Vale e Tüv Süd também foram indiciados por crimes ambientais e pela prática de falsificação de documento perante a ANM (Agência Nacional de Mineração).

O MPF já está com o inquérito. Após a análise, o órgão decidirá se vai oferecer novas denúncias, o que não tem prazo para ocorrer.

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