Caso Luana Andrade: procedimento que mais mata no país exige atenção
Morte da modelo choca o país e revela a urgência em mudarmos comportamentos relacionados a ideal estético
Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury
A morte da influenciadora e assistente de palco do programa Domingo Legal, Luana Andrade, de 29 anos, em um procedimento de lipoaspiração próximo à região dos joelhos, chocou o país.
A jovem ficou conhecida após ter participado do Power Couple, da Record, ao lado de seu namorado, o influencer João Hadad. Ela teria sofrido quatro paradas respiratórias durante a cirurgia estética.
Um caso triste e que traz muitas perguntas. A jovem não se submeteu a uma clínica qualquer; estava nas mãos de médicos conhecidos e em um hospital renomado da cidade de São Paulo.
Brenda Paixão, amiga de Luana Andrade, revelou que a influenciadora tinha lipedema (acúmulo de gordura) nos joelhos. Segundo Brenda, esse teria sido o motivo para ela realizar a lipoaspiração, porque provocava insegurança estética na modelo.
Pressão exagerada
Luana não foi culpada do que aconteceu com ela, e sim vítima. Ela era linda, tinha uma vida e uma carreira pela frente, interrompidas pelo desejo de ficar ainda mais bela. Mas seu caso chama atenção para a busca incessante por um "corpo perfeito", extremamente comum atualmente.
Um estudo da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps, em inglês) mostra que o Brasil está em segundo lugar quando o assunto é a realização de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Dados da instituição ainda revelam que 61,8% das mortes no país acontecem por conta da lipoaspiração.
O curioso é que 86,3% dos procedimentos cirúrgicos são realizados por mulheres, e apenas 13,7% por homens. E a pergunta que fica é: por quê?
Por que, em pleno século 21, de liberdade e independência feminina, muitas de nós, mulheres, somos reféns dessa escravidão estética? Afinal, toda cirurgia traz riscos. Será que vale a pena fazê-la, muitas vezes sem necessidade real?
Mudança de paradigma
O mercado da estética bombardeia a mente das pessoas, todos os dias. Essa pressão faz muitos acreditarem que precisam investir no culto ao corpo para ser aceitos pela sociedade. E, nesse cenário, a mulher é quem acaba se cobrando mais.
É claro que o cuidado com a saúde física e emocional é importantíssimo; porém, o exagero vive na linha tênue entre o que é saudável e o que é perigoso. Por isso, somente quando a segurança e o valor próprio entram em jogo é possível blindar a mente de tantas armadilhas.
Entendo que a beleza de uma pessoa não deveria ser valorizada pelo exterior. Em uma fase na qual os rostos e corpos estão cada vez mais parecidos, devido à divulgação do Botox e de outros tratamentos, quem entende que cada ser humano é único e que essa diversidade é o que deveria ser valorizado está na frente da maioria.
Para mudar isso, é preciso parar de alimentar um mercado que busca cliques e incentiva ainda mais a misoginia. Qualquer pessoa hoje em dia pode chamar atenção pelo seu exterior, mas poucas, infelizmente, chamam atenção pelo seu interior. E esse é o maior e melhor investimento que se pode fazer. Se cada um fizer a sua parte, todo excesso morrerá de fome.
Relembre a trajetória de Luana Andrade no Power Couple Brasil
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