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Refletindo Sobre a Notícia

Estudo revela que mulheres estão mais irritadas agora do que há 10 anos

A raiva e a frustração femininas aumentaram globalmente, de acordo com uma análise de dez anos do instituto de pesquisa Gallup World Poll

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Muito se fala que as mulheres estão vivendo suas melhores fases por conta das oportunidades e dos direitos conquistados, mas um estudo que durou dez anos chocou ao revelar que, de forma geral, elas estão mais infelizes do que há dez anos. 

A pesquisa foi realizada pelo instituto Gallup World com mais de 120 mil entrevistados de 150 nações. As questões abordavam como as pessoas se sentiram no dia anterior ao da entrevista. Quando as mulheres respondiam, relatavam emoções negativas, como desespero, tensão, ansiedade, raiva, infelicidade, estresse e preocupação. O relatório mostrou que mais mulheres do que homens experimentaram esses sentimentos negativos.

Levantamento anual do instituto de pesquisa Gallup revela que mulheres em todo o mundo ficaram mais bravas nos últimos dez anos
Levantamento anual do instituto de pesquisa Gallup revela que mulheres em todo o mundo ficaram mais bravas nos últimos dez anos

Ao mencionar o Brasil, o estudo revelou que quase seis em cada dez mulheres disseram ter sentido estresse durante grande parte do dia anterior.

A conclusão mostra que as mulheres estão muito mais irritadas agora — em 2022 — do que há dez anos — por surpreendentes 6 pontos percentuais. Ou seja, elas estão menos contentes e mais nervosas — e essa tendência é mundial.


Além do estudo

Tal declaração traz questionamentos importantes: será que há algo errado com nossa cultura para que as mulheres estejam assim? Por que as mulheres podem estar se sentindo dessa forma em uma escala global?


Alguns especialistas já se pronunciaram sobre o assunto. A jornalista e escritora do jornal britânico The Guardian, Arwa Mahdawi, afirmou que o aumento da violência contra as mulheres pode ser uma das causas para elas se sentirem inseguras e com raiva.

De fato, é uma afirmação relevante. No entanto, o aumento de sentimentos tão ruins nos últimos dez anos levanta mais possibilidades. Para a psiquiatra Lakshmi Vijayakumar, tais tensões aumentaram à medida que mais mulheres se tornaram financeiramente autossuficientes, enquanto também eram responsáveis pelo lar.


Ela detalhou sua experiência em seu país natal, a Índia: "Você vê os homens relaxando, indo a uma casa de chá, fumando. E você encontra as mulheres correndo para o ônibus ou estação de trem. Elas estão pensando no que cozinhar. Muitas mulheres começam a cortar legumes no trem de volta para casa".

Estudo traz reflexão: por que as mulheres nunca estiveram tão estressadas e tristes na última década quanto agora?
Estudo traz reflexão: por que as mulheres nunca estiveram tão estressadas e tristes na última década quanto agora?

Os comentários de Vijayakumar destacam uma reflexão importante: quando as mulheres assumem muitas responsabilidades e saem do equilíbrio, podem se sentir sobrecarregadas com a saúde emocional. Sendo assim, poderia a cultura dos dias modernos estar falhando?

Eu sei que algumas amigas podem discordar. Mas pensemos juntas: empregos bem remunerados exigem tempo e energia, ao mesmo tempo que o lar também. E sabemos que a mulher tem seu protagonismo em casa, querendo ou não.

Modernidade tóxica?

Considerando as diferenças entre os sexos, homens e mulheres desempenharam — ao longo da história — papéis muito diferentes na sociedade. É digno de nota que as mulheres eram as únicas responsáveis por cuidar da casa, gerar filhos e cuidar da família — sem ser esse seu ganha-pão.

No entanto, à medida que mais mulheres conquistaram independência e direitos — o que é ótimo —, elas somaram isso às responsabilidades domésticas, como cuidar dos filhos e da casa. Assim, é notório: os papéis se diversificaram de forma intensa.

Mais mulheres do que homens relataram sentir raiva e preocupação
Mais mulheres do que homens relataram sentir raiva e preocupação

Embora pareça que a igualdade tenha sido alcançada e que as mulheres estejam vivendo sua melhor fase, podendo buscar a independência e a liberdade financeira, o resultado desse estudo nos impele a fazer uma pausa, uma reflexão.

Porque é possível que tudo isso esteja acontecendo em detrimento do bem-estar psicológico e da qualidade de vida. Essa, então, poderia ser uma raiz dessa "raiva" experimentada — cada vez mais — por mulheres em todo o mundo.

De toda forma, é alarmante saber que elas estão vivenciando emoções tão negativas em escala global, e ainda não sabemos quais são os reais motivos.

Porém, uma coisa é certa: as mulheres parecem estar menos satisfeitas, apesar de estarem tendo mais oportunidades do que nunca. 

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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