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Refletindo Sobre a Notícia

Falta de insumos e de leitos: repetição de erros ou fatalidade?

Os hospitais de campanha estão desativados em grande parte do país. Avanço de casos de Covid-19 e de H3N2 lota hospitais e preocupa autoridades de saúde pública

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

As aglomerações de fim de ano somadas à circulação da variante Ômicron, mais contagiosa que as anteriores, resultaram em um boom de casos de Covid em todo o mundo. O Brasil, por exemplo, soma uma média diária de 30 mil novos casos, algo que não acontecia desde agosto do ano passado.

Apesar de a Ômicron ser aparentemente menos perigosa que as outras variantes, os hospitais estão lotados e faltam leitos e insumos para a realização de testes. Além disso, a contaminação da nova cepa da gripe H3N2 tem levado a um aumento de atendimentos e internações.

Neste atual cenário, as capitais brasileiras voltaram a ver 100% de seus leitos de enfermaria ocupados. O surto de gripe e de Covid-19 pressiona prontos-socorros e deixa gestores de saúde preocupados.

Repetição de problemas


Em Manaus, por exemplo, as internações passaram de 40 para 426 somente neste mês de janeiro. O crescimento no número de casos de Covid-19 está fazendo com que a capital do Amazonas enfrente um cenário caótico de falta de oxigênio, filas nos hospitais e aumento de mortes por ausência de atendimento. Uma realidade que vimos acontecer há exatamente um ano.

É curioso porque, na época, o que mais ouvimos de especialistas e autoridades foi que a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus indicava uma necessidade de prestar atenção nos estoques de oxigênio, anestésicos para sedação, EPIs, corticoides, seringas etc., para que o erro não se repetisse. 


Assim como Manaus, o Rio de Janeiro também começou 2022 com um aumento significativo nos casos de Covid. No sábado (22), o estado do Rio registrou 30 mil novos casos, um aumento de 395% em relação a duas semanas atrás. As internações também preocupam, uma vez que a fila por leitos tinha, até a última sexta (21), 203 pacientes. Já há mais de 1.200 internados, o maior número desde agosto de 2021.

Os hospitais de campanha, um dos principais instrumentos para enfrentar a pandemia durante o auge da crise sanitária, foram desativados em grande parte do país
Os hospitais de campanha, um dos principais instrumentos para enfrentar a pandemia durante o auge da crise sanitária, foram desativados em grande parte do país

Vale lembrar que no sexto dia de governo o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, desativaram o hospital de campanha do RioCentro, com 500 leitos, sendo 100 de UTI, três salas completas de cirurgia, centro de imagem com tomógrafo de 256 canais e centro de hemodiálise. Especialistas em saúde pública lamentaram a atitude, já que a unidade seria muito importante para o combate à pandemia.


Círculo vicioso

Qualquer erro traz consequências. Mas quem é inteligente não repete o que sabe que não dá certo. Os problemas que passamos nos últimos dois anos no sistema público de saúde deveriam, pelo menos, ter servido de aprendizado para que as mesmas falhas não ocorressem hoje.

Infelizmente, muitos se preocuparam apenas em apontar falhas, poucos em atuar para resolvê-las. Assim, tudo o que estamos vivenciando mostra que nossa nação não aprendeu quase nada com a pandemia, que está minando vidas, empregos e famílias.

A saúde está passando por novos problemas, enfrentando colapsos e não serão mais medidas de lockdown que interromperão o aumento dos casos de Covid-19 e evitarão outras crises administrativas. Não é preciso pensar muito para entender que para vencer essa e se preparar para as próximas pandemias que virão é preciso planejamento, gestão e preocupação com o outro.

Os políticos, em sua maioria, continuam fazendo seu jogo, e nós, o povo, seguimos sofrendo as consequências. 

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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