Frase polêmica de influencer traz à luz discussão sobre o desemprego
Apresentadora afirmou ser contra pessoas sem emprego assumirem relacionamentos sérios
Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury
Conforme o Portal R7 noticiou ontem, uma influenciadora e psicóloga causou polêmica ao expor sua opinião nas redes sociais sobre a vida amorosa de pessoas que estão desempregadas. Segundo a publicação de Déia Freitas, pessoas empregadas não devem assumir um relacionamento sério com quem não tem um emprego.
Para quem não viu, a afirmação começa assim: "A pessoa briga comigo porque sou contra pessoas desempregadas assumirem relacionamento sério kkkk. Namora o desempregado que você quiser, não sou eu que vou pagar a conta, não. Tenho nada com issoo!", dizia a postagem dela.

A influencer e psicóloga justifica seu pensamento em novos tuítes: "Daí as pessoas falam assim 'Ah, mas às vezes a pessoa está desempregada, mas tem um objetivo maior, terminar um curso, passar num concurso'. (...) maaas se demorar anos assim, a pessoa sem buscar emprego, quem banca a casa vai se ressentir sim".
Números alarmantes
A postagem rendeu um longo debate e muita polêmica (foi visualizada mais de 4,4 milhões de vezes). É claro que essa é uma visão dela e prezo pela democracia, pelo direito das pessoas poderem expressar seus pensamentos.
Mas vale a discussão, afinal o desemprego no Brasil aumentou entre dezembro de 2022 a fevereiro de 2023, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 9,2 milhões de pessoas sem ocupação. Um número muito significativo.
Apesar disso, alguns pontos chamam atenção: nesse levantamento 2,2 milhões de pessoas são consideradas desempregadas de longo prazo, ou seja, estão sem emprego por dois anos, ou mais.
Comodismo?
É preciso ter cautela ao julgar uma pessoa por ela não estar empregada. Acredito que existe uma enorme diferença entre estar sem trabalho porque se está vivendo um momento difícil e estar desocupado porque não quer ter responsabilidade.
Não podemos afirmar que todo desempregado não é um bom parceiro ou é irresponsável. Por isso, mais importante do que olhar primeiro a carteira de trabalho de um pretendente é buscar conhecer seu perfil, seu caráter.

Aquela pessoa tem um histórico de não dar certo em nenhum lugar? É preguiçosa? Não gosta de compromisso? Vale o alerta. Mas, se ela é de boa índole e esforçada, não vai demorar para conseguir se colocar no mercado de trabalho.
Responsabilidade a dois
Após toda polêmica, Déia continuou seu pensamento nas redes sociais. "Falo de namorar sério/casar com uma pessoa desempregada. (...) E você nem precisa ir longe, basta ler nos próprios tuítes quantas pessoas (maioria mulheres) foram lesadas por bancar financeiramente as pessoas que amavam."
De fato pode ser muito pesado ter que sustentar o cônjuge que não quer trabalhar. O fardo não é apenas financeiro, é emocional também. São muitos os estudos que comprovam isso e mostram que as dificuldades financeiras e o desemprego são combustíveis para separações.
Então, de todo esse burburinho, acredito ser importante a seguinte reflexão: quais são os nossos limites para se relacionar com alguém? O que temos aceitado?
Caso solteiro, como selecionar os possíveis pretendentes? Caso em uma união, de que forma estabelecer limites para dividir as responsabilidades?
O desemprego é sim um detalhe importante que precisa ser analisado. Só que não dá para se basear apenas nele. A pessoa que está por trás da carteira de trabalho é quem realmente importa, e seu caráter dirá tudo sobre se isso será apenas uma fase passageira, ou permanente.