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Refletindo Sobre a Notícia

Mortes e brigas na decisão do Mundial: de quem é a culpa?

Pelo menos dois torcedores morreram e muitos outros ficaram feridos após derrota do Palmeiras para o Chelsea

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Bastou o juiz apitar o final do jogo em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para que alguns torcedores, tristes com a derrota do Palmeiras para o Chelsea na decisão do Mundial de Clubes, se envolvessem em grandes confusões, algumas com consequências irreversíveis.

Pelo menos dois morreram. O advogado Celso Wanzo, de 58 anos, abalado com a decisão, discutiu com o síndico do condomínio onde morava, Emerson Ricardo Fiamenghi, de 44 anos, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. 

Brigas após decisão do Mundial de Clubes traz reflexão sobre falta de equilíbrio
Brigas após decisão do Mundial de Clubes traz reflexão sobre falta de equilíbrio

Emerson, que é corintiano, teria espancado Celso até a morte. Ele se entregou à polícia.

Segundo a juíza Gláucia Véspoli de Oliveira, o motivo do crime foi fútil, o que impossibilita fiança. "Tais fatos demonstram o alto grau de periculosidade e insensibilidade do autuado, o que impõe a prisão como necessária e adequada à garantia da ordem pública, insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão".


Na capital paulista, nas proximidades do Allianz Parque, outro torcedor, o motoboy Dante Luis, de 35 anos, foi baleado no peito e não resistiu. O atirador, o agente penitenciário José Ribeiro Apóstolo Jr., disse que agiu em legítima defesa porque foi cercado por torcedores que não teriam dado ouvidos quando ele disse que também era palmeirense. 

Além dessas duas mortes, dezenas de outras confusões generalizadas foram registradas. Segundo a Polícia Militar, muitos torcedores ficaram feridos após se envolverem em brigas com barras de ferro. Torcedores de todas as idades chegaram a tentar agredir policiais e até jornalistas.


De quem é a culpa?

Todas essas situações retratam o que acontece quando as pessoas se deixam guiar pelas emoções. Afinal, futebol envolve sentimento e aqueles que não usam a razão acabam reagindo de forma irracional e ignorante.


Entre os muitos casos que envolvem descontrole emocional, me recordo de um torcedor do Sport Clube do Recife, Severino Nascimento da Silva, 54 anos, que ateou fogo no próprio corpo após o time perder um jogo para o Botafogo, em 2017. Na ocasião, o médico que o atendeu disse à imprensa que Severino relatou sentir-se frustrado após a derrota do time. Isso fez com que ele brigasse com a esposa e depois ateasse fogo em si.

Advogado morreu após se desentender com síndico do condomínio onde morava. O motivo? Futebol
Advogado morreu após se desentender com síndico do condomínio onde morava. O motivo? Futebol

É claro que nenhum torcedor quer que seu time perca, mas há uma diferença enorme entre não gostar do resultado e se deixar levar pelo sentimento causado.

Enquanto os clubes seguem angariando milhões, muitos se envolvem em confusões, perdem relacionamentos e até a própria sanidade mental por conta de uma partida.

Vale lembrar que os presidentes, diretores, jogadores nada farão por esses que se descontrolam emocionalmente. Eles seguirão ricos, investindo no mercado da bola e estimulando o envolvimento da torcida.

Torcer por um time não é errado, pelo contrário, é uma forma de entretenimento. O problema é quando passa disso e a pessoa apoia toda a vida em um time de futebol. As brincadeiras que eram para ser saudáveis se tornam motivo de confronto, as derrotas viram estopins de brigas e até as vitórias podem gerar provocações que levam a confusões e mortes.

Ver o time do coração perder fez com que Severino deixasse a razão de lado. Não conquistar o Mundial fez com que muitos palmeirenses usassem a derrota como pressuposto para agredir outros, e por aí vai.

Como eles, milhares de outras pessoas, todos os dias, perdem a razão diante de resultados ruins, sejam eles quais forem. A pior atitude a tomar nessas horas é a que eles escolheram: agir movido pelas emoções. 

O coração é perigoso, por isso, a sabedoria diz o contrário do que a sociedade ensina: não devemos nos deixar guiar pelo coração, mas sim pela inteligência, sempre.

É uma escolha diária: seguir o que os sentimentos — que são instáveis — mandam ou viver pela razão? Isso define a fraqueza ou a força de um ser humano.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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