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Refletindo Sobre a Notícia

Reviravolta no caso da mãe de menino autista: 'Eu não sabia'

Após demissão, funcionária gravou vídeo e disse ter sido demitida injustamente

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Na última semana, viralizou nas redes sociais o vídeo de uma mulher reclamando do atendimento dado a ela e seu filho em uma loja da Riachuelo do Shopping Boulevard, em Feira de Santana, na Bahia. Carla Gurgel teria ficado revoltada após ouvir a caixa do estabelecimento dizer a uma colega para “não passar essas bombas” para ela.

O garoto é diagnosticado com o transtorno do espectro autista (TEA). A mãe teria ficado revoltada com o que ouviu e, por isso, protestou contra o atendimento recebido, pedindo respeito às pessoas com deficiência."Exijo respeito com os autistas, com as pessoas com deficiência, porque eu sou mãe, e ninguém aqui está livre de ter um filho com deficiência. E eu não aceito, porque já é difícil", disse, sob aplausos dos clientes da loja.

Mãe reclama do atendimento em loja da Riachuelo e alega ter sofrido discriminação por causa de filho com diagnóstico de autismo
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Repercussão do caso

Por meio de nota, a Riachuelo lamentou o ocorrido e informou que demitiu a funcionária em questão. A atendente, Jairta Lima, se manifestou no dia seguinte nas redes sociais e negou ter praticado discriminação. O que ela tentou explicar é que a colega de trabalho Tatiana passou a cliente preferencial para o seu caixa, e ela deu continuidade ao atendimento. "Eu atendi a mãe e a criança superbem. Em nenhum momento eu destratei ela. Quando ela saiu do meu caixa, eu virei para a Tati e falei: 'Tati, não traga mais essas bombas'", relatou.


A ex-funcionária explicou que o termo "bomba" é usado entre os funcionários da Riachuelo para se referir ao uso de "cartão terceiro", ou seja, quando o cliente não usa o cartão da Riachuelo. "Todas as Riachuelos trabalham com meta. Se a gente passa um cartão Riachuelo, a gente fica dentro da meta. Se você passa um cartão terceiro, que não seja da loja, a sua 'PA' cai. Eu não sabia que a criança era autista, pois o cartão não foi apresentado a mim", acrescentou.

Atendente nega ter chamado criança de 'bomba' e implora pelo seu emprego
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Ela ressaltou que em momento nenhum se referiu à cliente ou ao filho dela. "Não disse que ela era uma bomba ou que a criança dela era uma bomba, até porque eu não sabia que a criança dela tinha problema de autismo, porque ela não apresentou para mim o cartão, ela apresentou à Tatiana", reforçou. "Eu fui prejudicada, fui demitida injustamente. Tenho duas filhas, estou passando dificuldade, meu esposo desempregado, e eu estou sendo acusada injustamente", concluiu.


Cuidado ao julgar

Antes de Jairta expor seu lado da história, os julgamentos sobre ela se multiplicaram nas redes. É óbvio que o que aconteceu precisa ser averiguado, mas ficou claro que o preconceito não foi combatido da maneira correta. 


Tal caso me fez lembrar do que ocorreu na Escola Base, em 1994, quando os donos de uma escola de classe média alta, em São Paulo, um casal de pais e um motorista do transporte escolar foram acusados por duas mães de abusar sexualmente de crianças. Tempos depois, todos foram inocentados, mas já era tarde demais. 

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A imprensa já os havia condenado e, consequentemente, a sociedade civil também. A vida deles dali em diante nunca mais foi a mesma. Uma falha grave. Contudo, um erro que continua acontecendo, todos os dias. Porque quando veículos e usuários das redes sociais divulgam apenas um lado de uma história cometem um equívoco que pode não ter volta. Afinal, quem vai ler a errata do jornal posteriormente, se tal acusação estiver errada?

Por isso, é preciso ficar atento ao julgar. Se você fosse uma pessoa pública e alguém gravasse 24 horas do seu dia, incluindo tudo o que você fala, será que não poderiam condenar você injustamente por algo que disse na emoção?

A cautela é a melhor amiga da sabedoria. Saber se pôr no lugar do outro também — um exercício diário e necessário para não sair por aí compartilhando informações que podem acabar com uma vida.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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