Você está sendo enganado? Como descobrir se é um texto humano ou do ChatGPT
Inteligência Artificial tem sido muito usada na produção de conteúdos. Entenda os impactos dessa revolução tecnológica
Se você tem uma idade similar à minha, deve ter acompanhado diversas mudanças tecnológicas nos últimos anos. Lembra como era ter que se deslocar pela cidade sem contar com o GPS? A gente se orientava perguntando para estranhos, usando mapas de papel e seguindo dicas que, muitas vezes, estavam erradas. Quantas vezes parei em um posto de gasolina à procura de uma rua específica ou fiquei dando voltas intermináveis, perdida.
E a comunicação? Em uma época em que telefone fixo era um artigo de luxo, surgiram os celulares, computadores, seguidos pelos smartphones e pelas redes sociais, revolucionando a maneira como nos conectamos. Sem falar nas fitas VHS, que deram lugar aos DVDs e, depois, ao streaming.
A gente ia à locadora alugar um filme e não podia errar. Hoje não, há um cardápio de exibições disponíveis para assistirmos em qualquer lugar e de qualquer dispositivo.
Ou seja, em um intervalo de aproximadamente 40 anos, a tecnologia evoluiu em ritmo acelerado.
Entre tantas transformações, a que mais tem chamado minha atenção é a inteligência artificial (IA) no que diz respeito à produção de conteúdo. Segundo um relatório da empresa americana de consultoria Gartner, atualmente, cerca de 30% do conteúdo online é gerado ou auxiliado por IA.
Mas será que tudo isso é positivo? Você sabe identificar se o que lê foi criado por máquinas ou humanos?
Sabendo diferenciar
Reconhecer um texto escrito por IA não é fácil. Afinal, há quem use a tecnologia apenas para revisar, outros para criar. Mas alguns sinais mostram padrões que podem indicar a presença de uma inteligência artificial.
Um estudo da Universidade de Stanford, realizado em 2023, revelou que 73% dos textos gerados por modelos de IA tinham padrões de linguagem muito bem estruturados, o que contrasta com os textos produzidos por humanos, que têm mais variações e até pequenos erros. Os dados revelaram também que a IA tende a repetir frases e palavras.
Outro ponto importante para a detecção é a verificação de fontes. Segundo o Instituto de Pesquisas Pew Research Center, 65% dos textos gerados por IA têm referências que não podem ser confirmadas, refletindo a tendência dessas tecnologias de criar ou distorcer informações de forma convincente, porém imprecisa.
Assim, apesar da capacidade de melhorar o estilo da escrita, os conteúdos dessa tecnologia são mais frios, não tem opiniões, são excessivamente formais e deixam de ter o toque único que somente a escrita humana tem.
Equilíbrio necessário
Diante desse cenário, precisamos falar sobre ética e criatividade. É claro que a IA pode somar, desde que haja bom senso em seu uso como ferramenta de apoio. A dependência excessiva, por outro lado, pode prejudicar muito o processo criativo.
Apesar de dados como os da Organização Internacional do Trabalho indicarem que cerca de 12% dos empregos em redações e editoras podem estar em risco de automação até 2026, é preciso entender que nada substitui o humano. Por isso, é essencial que leitores e plataformas tenham uma postura crítica e cuidadosa na verificação de informações.
O Instituto de Tecnologia de Berlim realizou um estudo que constatou que 62% das empresas que integraram a IA como suporte para a criação de conteúdo, e não como substituição direta, registraram um aumento de 18% na produtividade sem comprometer a originalidade e a qualidade do trabalho.
Portanto, é, sim, uma inovação bem-vinda, mas que deve preservar a autenticidade e as emoções humanas. Afinal, nada pode retirar a nossa essência. É sempre importante lembrar que, por trás de toda novidade tecnológica, existe a responsabilidade de decidir como e por que utilizá-la.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.