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Refletindo Sobre a Notícia

Uma evidência incontestável a respeito do assassinato do congolês Moïse

Jovem foi morto após ser agredido por cerca de cinco pessoas em quiosque na Barra da Tijuca

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

"Crescer no Congo é como crescer na miséria, por causa das guerras intermináveis e injustas." Foi com essas palavras que o coronel Mamadou Ndala, membro da Força de Reação Rápida do 42º Batalhão do Exército Nacional Congolês, definiu, no documentário This Is Congo, a escalada de violência na região.

Assim, para fugirem do perigo, Moïse Kabagambe e sua família procuraram refúgio no Brasil. O que eles jamais imaginaram é que o lugar onde buscariam segurança se tornaria palco de um crime covarde e brutal.

Morte de Moïse Kabagambe é reflexo da intolerância no Brasil
Morte de Moïse Kabagambe é reflexo da intolerância no Brasil

Dez anos depois de sua chegada, o jovem perdeu a vida por causa da violência, ao ser espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). Moïse trabalhava no estabelecimento servindo mesas na areia. Seus familiares afirmam que ele foi agredido por cobrar R$ 200 de pagamentos atrasados.

Testemunhas disseram extraoficialmente que ele havia passado a noite bebendo com amigos quando decidiu cobrar o salário de um funcionário que supostamente seria novo na função. Ambos teriam se desentendido, iniciando a briga.


Pouco tempo depois, o jovem foi covardemente agredido por várias pessoas. Segundo nota divulgada pela comunidade congolesa no Rio de Janeiro, cinco pessoas, incluindo o gerente do quiosque, espancaram Moïse com pedaços de pau e um taco de beisebol por mais de 15 minutos.

Intolerância real e disseminada


Racismo, xenofobia e outros tipos de preconceito estão sendo apontados como motivadores do assassinato. "Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a XENOFOBIA dentro das suas formas, contra os estrangeiros. Nós da comunidade congolesa não vamos nos calar", diz outro trecho da nota da comunidade.

A polícia investiga a causa do assassinato, porém o que está evidente — e nem é preciso muita investigação para saber isso — é que os assassinos agiram com frieza e muita covardia. O ser humano, de forma geral, está sem limites e é guiado, em diversas situações, pelo ódio em todas as esferas. Muitas vezes até quem se diz contra a intolerância é extremamente preconceituoso com o próximo.


Três homens foram presos pela morte do jovem congolês. Polícia ouve testemunhas e analisa imagens de câmeras de segurança
Três homens foram presos pela morte do jovem congolês. Polícia ouve testemunhas e analisa imagens de câmeras de segurança

Quantas tragédias como essa não anunciamos todos os dias? Marido que mata a esposa após uma discussão; seguranças que espancam clientes em supermercados, lojas e restaurantes; motoristas que esfaqueiam e atiram em outros devido a desentendimentos no trânsito, e por aí vai.

O Brasil não está perdendo nada para outras nações que vivem em guerra, porque aqui a lei existe, mas não é cumprida. A violência assola todas as pessoas, não se pode sequer ir e vir em paz. Infelizmente, fugir de bandidos já faz parte do nosso cotidiano. 

Um país que deveria proteger pessoas como Moïse não cumpre o seu papel com louvor porque nem sequer consegue cuidar dos seus nativos.

Por isso quem quer realmente lutar por justiça deveria fazer uma autorreflexão, erguer a voz contra qualquer tipo de intolerância e escolher autoridades que sejam realmente sérias para pôr as leis em prática. Não podemos perder a esperança de lutar por um Brasil mais justo e seguro.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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