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Qual o impacto da taxa de juros a 2,75% ao ano no seu dia a dia?

Segundo especialistas, investimentos em renda fixa voltam a ser atrativos e efeito vai variar conforme modalidade de crédito

Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7

Nova taxa vai pesar mais no financiamento do carro
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A taxa básica de juros (Selic) a 2,75% ao ano deve gerar um efeito pequeno na vida do consumidor, segundo estimativa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Na quarta-feira (17) o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), elevou a taxa básica de juros de 2% ao ano para 2,75% depois de sucessivas quedas e manutenções desde 2015.

O efeito é pequeno, segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, porque enquanto a Selic está em 2,75% ao ano, as taxas médias aplicadas no mercado estão em 93% ao ano.

O motivo é simples: hoje os bancos se baseiam nos riscos que o consumidor pode gerar, o conhecido score de crédito, uma espécie de "currículo financeiro" do consumidor.

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Assim, as instituições financeiras mantêm taxas de juros de empréstimo e financiamento bem mais altas que a Selic.

A variação principal é muito grande%2C mas o efeito é muito pequeno. Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros médias cobradas para pessoa física atingem 93%2C76% ao ano%2C provocando uma variação de mais de 4.500% entre as duas pontas.

(Miguel José Ribeiro de Oliveira)

A Anefac fez simulações sobre o impacto da nova taxa em seis linhas de crédito:

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• Cartão de crédito

• CDC bancos (financiamento de veículos)

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• Cheque especial

• Empréstimo pessoal em bancos e em financeiras

• Juros do comércio

As modalidades cartão de crédito e cheque especial, conhecidas por praticarem os juros mais altos do mercado, sofrerão pouco impacto com a nova Selic a 2,75% ao ano.

Confira como ficam cada uma das modalidades:

CDC para financiamento de veículos

A maior diferença aparece na linha CDC para o financiamento de veículos dos bancos. A taxa vai de 1,36% ao mês (17,60% ao ano) para 1,42% ao mês (18,44% (ao ano).

No mês, a alta atingirá o percentual de 4,41% e no ano 4,76%.

Cartão de crédito

A menor diferença será na linha mais cara do país: cartão de crédito. O juro irá de 11,34% ao mês (262,92% ao ano) para 11,40% ao mês (265,28% ao ano), ou seja, um aumento de 0,53% no mês e de 0,90% no ano.

Empréstimo pessoal

A modalidade de empréstimo pessoal dos bancos é a que registrará a segunda maior diferença. Vai de 3,21% ao mês (46,10% ao ano) para 3,27% ao mês (47,13% ao ano), totalizando uma variação positiva de 1,87% ao mês e de 2,22% ao ano.

Nas financeiras, o crédito pessoal passará de 4,68% (mês) e 73,13% (ano) para 4,74% (mês) e 74,32% (ano), ou seja, terá alta de 1,28% (mês) e 1,63% (ano).

Juros do comércio

Em terceiro lugar aparece a linha de juros do comércio que passou de 4,68% (ao mês) e 73,13% (ao ano) para 4,74% (ao mês) e 74,32% (ao ano), gerando um acréscimo de 1,28% (mês) e de 1,63% (ano).

Cheque especial

O cheque especial, um dos maiores vilões do orçamento de muitas famílias, não terá grande impacto com a nova Selic.

O juro irá de 7,16% (mês) e 129,29% (ano) para 7,22% (mês) e 130,84% (ano), gerando uma alta de 0,84% (mês) e 1,20% (ano).

Como ficam os investimentos?

Oliveira diz que à medida que a Selic sobe, os investimentos atrelados a juros sobem também.

Tanto a poupança vai ganhar um pouco mais, já que o rendimento da modalidade corresponde a 70% da Selic, quanto os fundos de renda fixa e CDBs que têm a taxa como referência.

A elevação ainda é pequena para fazer muitas alterações e tornar a renda fixa tão competitiva%2C mas melhora a rentabilidade da renda fixa.

(Miguel José Ribeiro de Oliveira)

Para Luiz Fernando Carvalho, estrategista da Ativa Investimentos, se a alta da Selic se consolidar, o ideal é que o investidor que prefere a renda fixa, opte por modalidades com indexadores flutuantes.

“A taxa pré-fixada não é aconselhada, já a flutuante oferece um percentual de CDI ou IPCA mais juros”, pontua ele.

O economista cita algumas opções:

• Fundos imobiliários;

• Debentures; e

• CDBs indexados em CDI.

Se formos comparar dois investimentos com taxas flutuantes%2C CDI mais 3% ou IPCA mais 3%%2C por exemplo%2C eu fico com a segunda opção porque%2C como a curva de juros do Banco Central está um pouco atrás da inflação%2C ela está corrigindo e acelerando mais rápido. Enquanto a inflação tem uma correção mensal%2C as atualizados do BC são feitas em 45 dias.

(Luiz Fernando Carvalho)

Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos, diz que com a alta da Selic, a primeira classe de investimentos que se beneficia é a renda fixa pós-fixada, aquela que paga um percentual da própria Selic ou do CDI (taxa interbancária que acompanha a Selic e é usada em títulos privados).

Ela também pontua que a relação é intuitiva mesmo: um CDB 100% do CDI pagava 2% ao ano e, se a Selic subir 0,5 ponto percentual passa a pagar 2,5% ao ano.

Existem hoje CDBs pagando perto de 135% do CDI com vencimento em até 3 anos, que são nossos favoritos no momento, frisa a especialista.

Para quem prefere ajuda de uma gestora especializada, dá para investir via fundos de renda fixa pós-fixada também.

No Tesouro Direto, a recomendação de Paula é o Tesouro IPCA+ 2026. Ela também sugere que os investidores moderados busquem alternativas em crédito privado com remuneração indexada à inflação, seja via papéis isolados ou via fundos de investimento.

Poupança volta a valer a pena?

A variação da Selic atinge diretamente a poupança desde 2012, quando seu rendimento passou a ser calculado de acordo com a taxa definida pelo Copom.

Caso a taxa básica de juros seja igual ou menor a 8,5%, a poupança renderá 70% da Selic mais a TR (taxa referencial).

Quando a Selic está acima de 8,5%, a caderneta rende 0,5% ao mês mais a mesma taxa referencial.

Com a alta da Selic, a tendência é de que a aplicação volte a ser atrativa.

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