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"Eu queria abraçar meu filho", diz mãe de sushiman morto por PMs

Leandro dos Santos, de 26 anos, foi atingido por cinco disparos de agentes militares no dia 21 em um restaurante japonês, onde trabalhava, no Itaim Bibi

São Paulo|Plínio Aguiar, do R7

"Eu queria dar um abraço nele", diz mãe de sushiman morto por PMs em SP
"Eu queria dar um abraço nele", diz mãe de sushiman morto por PMs em SP "Eu queria dar um abraço nele", diz mãe de sushiman morto por PMs em SP

“Eu sinto muito a falta dele. Eu só queria dar um abraço no meu filho”, diz Creuza Raimunda Santana de Oliveira, mãe do sushiman Leandro Santana dos Santos, de 26 anos, morto por policiais militares dentro do restaurante onde trabalhava no Itaim Bibi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, no dia 21.

Em entrevista ao SP no Ar, a mãe da vítima afirmou que se lembra da última conversa com o filho — foi por uma ligação, no período da tarde do mesmo dia em que ele morreu. "Eu ia ver a Isabela [neta dela], mas aí ele me disse que não ia conseguir leva-la porque ia trabalhar", relembra. "Aí me pediu para mandar as contas de água, de luz, que ele ia pagar".

Leia mais: Mulher de sushiman morto em SP nega que ele tenha tido surto

Horas depois, às 23h, policiais foram chamados para uma ocorrência em um restaurante japonês. No local, encontraram Leandro Santos com uma faca tentando atacar os demais funcionários. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) diz que os agentes tentaram usar armamento não-letal, mas não surtiu efeito. Em seguida, atiraram nas costas do sushiman, que não resistiu aos ferimentos.

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A notícia de que ele havia sido morto por policiais chegou por meio da TV. "Eu ouvi alguém em casa dizendo que ia ter que contar a verdade. Nesse momento, eu questionei o que havia acontecido e aí me disseram que passava na televisão a notícia de que assassinaram meu filho", conta. Em seguida, ela pediu para leva-la ao local onde o filho trabalhava.

As primeiras informações da ocorrência trataram de um possível surto que o sushiman teria tido antes de ser morto. Para Creuza, isso não ocorreu. “Eu conheço o caráter do meu filho. Ele não ia machucar ninguém”, disse. A companheira de Leandro concorda: “Esse negócio de surto não existe, uma pessoa calma como o Leandro... Surto é coisa de louco, o Leandro não”.

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Questionada sobre como está lidando com toda a situação, a mãe diz que Isabela, neta, de oito meses, é a grande força que tem agora. “Ela é tudo que eu tenho”, diz, aos prantos.

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Ação excessiva da PM

Quatro policiais militares envolvidos na morte do sushiman foram afastados de suas funções, segundo o corregedor da Polícia Militar coronel Marcelino Fernandes. Por causa disso, um inquérito policial foi instaurado para apurar as causas e eventuais responsabilidades da PM pela morte do sushiman e se houve excessos por parte dos policiais.

“Não teve mudança de comportamento. Não teve essa história de surto. O que temos ali é um despreparo dos policiais. Meu filho não ia atacar um policial”, pondera Creuza. A Polícia Civil já ouviu um colega de trabalho que afirmou que o sushiman teria se rendido quando teve o suposto surto.

Imagens das câmeras de segurança

O R7 teve acesso às câmeras de segurança do local. Nas gravações, é possível ver que, por volta das 23 horas, os policiais militares chegam ao restaurante japonês onde Leandro trabalhava. Em um salão grande, repleto de mesas, o sushiman começa a correr com uma faca na mão.

Na sequência, em um canto do andar de cima do restaurante, o sushiman vira de frente para os policiais e lança a faca em direção aos agentes. Pelo menos doze policiais militares se aproximam de Leandro após ele ter lançado a faca. O segundo PM a se aproximar possui uma pistola de choque e o quarto caminha em direção a Leandro com um escudo balístico. No entanto, segundo o delegado, somente dois policiais teriam atirado com balas verdadeiras e apresentado as armas.

Segundo o delegado, serão pedidos um laudo pericial, outro para mostrar a dinâmica do local e uma descrição das imagens para analisar o passo a passo das ações. O prazo para a conclusão do inquérito é de um mês. As cópias dos laudos e das imagens serão encaminhadas à Ouvidoria da Polícia. Leandro era casado e deixou uma filha de seis meses.

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