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Jovem de 25 anos com câncer terminal se casa e diz: “Antes da minha mulher, não queria mais viver”

Aislan conheceu Gislaine durante tratamento de câncer e se casaram no próprio hospital

Saúde|Fabiana Grillo, do R7

Mesmo sem saber quanto tempo Aislan vai viver, Gislaine diz "sim"
Mesmo sem saber quanto tempo Aislan vai viver, Gislaine diz "sim"

O ano de 2014 está chegando ao fim e antes que você se lamente porque tem dívidas financeiras, está solteiro, precisa mudar de emprego ou não conseguiu fazer a viagem dos sonhos, conheça a história de Aislan Pereira da Silva, 25 anos, e Eduardo Próspero, 26 anos. Portadores de doenças sem cura e incertos de que vão viver dias, meses ou anos, os jovens dão uma lição de coragem, luta e otimismo.

Um amor chamado Gislaine Sanches, 37 anos, mudou o destino do montador de móveis Aislan, natural de São Bernardo do Campo.

— Antes de conhecer a minha mulher, não queria mais viver. Foi ela quem me mostrou o sentido da vida, me dá motivos para sorrir e força para caminhar em frente sem desistir.

Aislan conheceu a operadora de caixa durante o tratamento para vencer um câncer no testículo diagnosticado há dois anos. No ano passado, durante sua estadia no Hospital do Câncer de Barretos, ele descobriu que a doença evoluiu para metástase, atingiu outros órgãos e não tem cura.


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As notícias eram péssimas e tudo parecia perdido até ele ouvir da recepcionista da casa de apoio onde estava se recuperando de uma cirurgia que ela estava apaixonada por ele.


—Me assustei. Não entendia como aquela mulher perfeita poderia amar alguém naquela situação. Eu estava totalmente debilitado.

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Para Gislaine nada disso parecia importar. Ela faz questão de reforçar que se apaixonou por “Ailsan careca, sem sobrancelhas e bem mais magro”. Como não é permitido envolvimento entre paciente e funcionário no hospital, Gislaine abriu mão do emprego em nome de seu amor.

Um ano se passou e o casal decidiu realizar o sonho dos dois: oficializar a união. O casamento aconteceu no início deste mês no próprio hospital e os planos para o futuro já estão bem definidos, conta a mulher.

— Queremos viajar, reformar nossa casa, comprar um carro e ter dois filhos homens. E quem sabe vamos dar os nomes dos nossos pais, Carlos e José.

Como o caso de Aislan não tem tratamento, ele está internado há quase um mês para amenizar as dores com doses de morfina a cada quatro horas.

— Não tenho medo da morte, já estive três vezes em estado terminal e dei a volta por cima. Meu maior medo mesmo é fazer a minha mulher sofrer quando eu partir.

Gislaine prefere não pensar na morte e diz ter certeza de que “a recuperação do paciente está muito ligada à vontade dele viver”.

— Tenho muita fé de que esse momento vai demorar. Todos os dias quando ele abre os olhos pela manhã agradeço a Deus por estar vivo.

Para aproveitar cada minuto da vida de Aislan, a operadora de caixa, que trabalha em uma lotérica das 8h às 18h30, dorme todos os dias no hospital e usa o seu horário de almoço para comer ao lado do marido.

— Ele é o homem da minha vida. Nosso amor é muito difícil de encontrar nos dias de hoje.

Exemplo a ser seguido

Dudu ao lado dos pais e do irmão mais novo
Dudu ao lado dos pais e do irmão mais novo

Outro exemplo de força e superação é o do advogado Eduardo Próspero, 26 anos. Portador de uma doença genética rara chamada MPS (mucopolissacaridose), a mesma que matou seu irmão aos seis anos de idade, Dudu [como é conhecido por todos] não desiste da vida. De baixa estatura, cego e com algumas limitações físicas, ele ingressou na faculdade de direito e se formou com nota 10 no TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

— O que mais aprendi com a doença é viver um dia de cada vez, independentemente da expectativa de vida. Faço o meu melhor a cada momento e vivo da melhor maneira possível.

Embora ele tenha nascido com o problema, só soube oficialmente que é portador de uma doença rara quando tinha 11 anos. Foi nessa época que a família conseguiu incluir o menino em uma pesquisa sobre o tratamento de reposição enzimática para MPS VI. Até então, nada podia ser feito e cada dia de vida era uma vitória.

—Não conheço outra realidade porque já nasci com a doença. Assim, sempre tive duas opções: viver lamentando a situação ou procurar extrair o melhor dela. Escolhi a segunda.

Ao longo dos anos, Dudu mostrou que ter uma deficiência não é sinônimo de incapacidade. Pode ser que ele viva menos tempo do que outras pessoas sem a doença, mas garante que “é melhor viver 10 anos intensamente do que 100 anos apenas existindo”.

—Todos vamos morrer um dia. Nunca me preocupo com quando isso vai acontecer. O fato é que luto pela vida e pelos meus sonhos. Todo mundo tem algo de bom para oferecer ao mundo e é nossa obrigação que façamos o melhor.

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