Viajar na janela do avião pode acelerar o envelhecimento da pele?
A 9.000 m, onde a maioria das aeronaves comerciais voa, o nível de radiação ultravioleta UV é aproximadamente o dobro do que é encontrado no solo
Saúde|Do R7
Diversos vídeos que mostram pessoas preocupadas com a pele ao se sentarem em assentos na janela dos aviões viralizaram no TikTok recentemente.
O vídeo que deu início à discussão foi publicado pela tiktoker Fiona Chen (veja abaixo), em maio deste ano, e já teve mais de 2,4 milhões de visualizações.
"Uma coisa que eu nunca mais vou fazer de novo é viajar de avião sem passar protetor solar. Por causa da alta altitude, você está experimentando radiação UV mais forte, especialmente se você estiver sentado à janela, onde você está diretamente exposto", diz ela, que cita o risco de danos à pele, envelhecimento precoce e câncer.
A história tem algum fundo de realidade: um estudo publicado em 2015 no periódico científico Jama Dermatology, em 2015.
A pesquisa descobriu que passar 56 minutos na cabine de um avião a 9.100 m expôs os membros da tripulação de um voo à mesma quantidade de radiação ultravioleta equivalente a 20 minutos em uma cama de bronzeamento artificial.
O trabalho, todavia, analisou o risco de melanoma somente em pilotos e tripulantes de cabine, ou seja, pessoas que estão constantemente no ar, e não em passageiros.
O estudo constatou que pilotos e comissários de bordo têm o dobro da incidência de melanoma (o tipo mais agressivo de câncer de pele) em comparação com a população em geral.
![Janelas de aviões modernos bloqueiam a maior parte da radiação](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/M24CBKMLIROLJMJ5E4KKUJVU2I.jpg?auth=19ddd1d4dd8e8412ebb1af0609a9d7821be2af6ba258c6af4ec46b11e42c340d&width=771&height=419)
Uma das causas sugeridas seria uma possível maior exposição às radiações cósmica e ultravioleta, o que é ponderado pelos próprios autores.
Em relação à radiação cósmica, o artigo cita outros estudos em que em "sempre foi consistentemente encontrada abaixo do limite de dose permitido".
Por outro lado, a radiação UVA — o tipo que penetra mais profundamente a pele, aumentando o risco de envelhecimento precoce e câncer — não era devidamente bloqueada em parabrisas e janelas de alguns modelos de avião.
"Os parabrisas e janelas da cabine de aviões parecem bloquear minimamente a radiação UVA, e é sabido que, para cada 900 metros adicionais acima do nível do mar, há um aumento de 15% na intensidade da radiação UV. A 9.000 metros, onde a maioria das aeronaves comerciais voa, o nível de UV é aproximadamente o dobro do que é encontrado no solo. Além disso, esses níveis são ainda mais altos ao voar sobre camadas densas de nuvens e campos de neve, que podem refletir até 85% da radiação UV", escreveram os pesquisadores.
Eles não fazem nenhuma ressalva aos viajantes, mas sim à "exposição cumulativa" de pilotos e comissários de bordo.
O assunto é abordado no site da organização sem fins lucrativas Cancer Council, da Austrália, que afirma não haver "evidências credíveis que sugiram que os passageiros possam ficar queimados de sol em voos comerciais".
O estudo publicado no Jama Dermatology cita alguns modelos de aeronaves mais antigas, o que também é considerado pela organização australiana.
"A radiação UV aumenta com a altitude e, embora algumas janelas de aeronaves comerciais permitam a passagem de uma pequena quantidade de UV, as janelas das aeronaves mais modernas bloqueiam praticamente toda a radiação."
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomenda o uso de filtro solar diariamente, independentemente de o tempo estar ensolarado.
Conheça os mitos e verdades sobre o câncer de pele
O mês de dezembro é marcado pela prevenção ao câncer mais incidente no Brasil, o de pele. O tipo mais frequente no país é o carcinoma basocelular, considerado pouco agressivo, seguido do carcinoma espinocelular (não tão agressivo, mas que pode evoluir ...
O mês de dezembro é marcado pela prevenção ao câncer mais incidente no Brasil, o de pele. O tipo mais frequente no país é o carcinoma basocelular, considerado pouco agressivo, seguido do carcinoma espinocelular (não tão agressivo, mas que pode evoluir para metástase) e do melanoma — origina-se nas pintas e é o mais perigoso. Para ter um tratamento curativo e mais simples em qualquer um dos casos, o indivíduo deve estar atento aos primeiros sinais da doença. No caso dos carcinomas basocelular e espinocelular, há lesões avermelhadas e elevadas que parecem verrugas e espinhas, mas não coçam nem doem. O melanoma, por sua vez, deixa a pinta com formato irregular e com múltiplas cores, e pode coçar, machucar e sangrar. Estar atento a esses sinais é essencial, mas as pessoas também devem conhecer o que é mito ou verdade sobre a doença