Zika causa defeitos congênitos em 10% das gestações
Epidemia que começou no Brasil revela que vírus pode causar graves danos cerebrais
Saúde|Do R7
Um estudo mostra que uma em cada 10 mulheres grávidas com infecções confirmadas por zika teve bebê com defeito congênito, o que alerta sobre o risco de infecção pelo vírus durante a gravidez. As informações foram divulgadas por pesquisadores norte-americanos nesta semana.
O relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças é o primeiro a analisar um grupo de mulheres dos EUA com resultados de testes claros e confirmados da infecção por zika durante a gravidez.
Uma vez considerada uma doença leve, a grande epidemia do vírus que começou no Brasil em 2015 e rapidamente se espalhou pelas Américas revelou que o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti pode causar graves danos cerebrais e microcefalia, quando as mulheres são expostas durante a gravidez.
A diretora em exercício do CDC, Anne Schuchat, falou sobre o estudo.
— A zika continua a ser uma ameaça para mulheres grávidas em todo o EUA. Com o tempo quente e uma nova temporada de mosquitos se aproximando, a prevenção é crucial para proteger a saúde das mães e dos bebês.
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Bebês afetados por zika podem desenvolver síndrome congênita zika, que inclui anormalidades cerebrais, problemas de visão, perda de audição e problemas movendo membros.
O estudo vem do registro de gravidez zika do CDC, que inclui dados dos Estados Unidos continentais e todos os territórios dos EUA, exceto Porto Rico.
Os pesquisadores analisaram dados sobre quase 1.000 gravidezes concluídas em 2016 entre as mulheres que tinham alguma evidência de infecção zika. A maioria foi infectada através de viagens para uma região onde o vírus estava se espalhando ativamente.
Dos 1.000, 51 ou cerca de 5% tinham bebês ou um feto com um ou mais defeitos de nascimento relacionados com zika. Devido às limitações dos testes, apenas testes feitos nas primeiras semanas de zika podem testar especificamente para o vírus zika.
A equipe também analisou 250 mulheres com resultados de testes definitivos para zika. Entre eles, cerca de um em cada 10 teve um bebê com defeitos congênitos. O risco foi ainda maior entre as mulheres infectadas no primeiro trimestre da gravidez, onde 15% das gestações resultou em um bebê com defeitos congênitos.
O estudo também mostrou que três em cada quatro bebês expostos a zika não tinham recebido imagens cerebrais após o nascimento para diagnosticar as anomalias, afirmou Peggy Honein.
— Nós sabemos que alguns bebês têm defeitos cerebrais subjacentes que não são de outra forma evidentes no nascimento. Porque não temos relatórios de imagem cerebral para a maioria das crianças, os nossos dados atuais podem subestimar significativamente o impacto de zika.
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