-
Na década de 90, era mania na Alemanha vender o lagostim Procambarus virginalis, também conhecido como marmorkrebs, como uma espécie de bicho de estimação de aquário. Em um período curto de tempo, o animal era capaz de povoar o aquário todo. Como? O marmorkrebs é capaz de clonar a si próprio em um processo chamado partenogênese
Divulgação/Aquatic Forever
-
Animais como dragões-de-komodo fazem o mesmo, mas apenas em situações de pressão ambiental, como falta de machos ou isolamento
Reprodução
-
Não é o caso do marmorkrebs: ele não tem limites! Um estudo publicado pela revista Nature, liderado pelo pesquisador Frank Lyko, do Centro de Pesquisa de Câncer da Alemanha, descobriu que a espécie nem existia há 25 anos
Wikimedia Commons
-
O marmorkrebs nasceu da reprodução sexuada entre uma espécie de lagostim do Texas e outra da Flórida. Na época do nascimento, os óvulos não precisaram ser fecundados por terem um cromossomo a mais. A característica foi passada pra frente e desde então o animal está clonando a si próprio sem parar
Divulgação/Aquatic Forever
-
Sim, clonando. Todos os milhões de marmorkrebs espalhados pelo mundo são iguais à primeira fêmea que deu origem à espécie há 25 anos
Wikimedia Commons
-
Essa característica coloca a espécie como uma ameaça natural, prejudicando espécies nativas de lagostins. O problema foi identificado na ilha de Madagascar e em diversos países da Europa, como Romênia, República Tcheca e Holanda, além da própria Alemanha
YouTube/Randy Hümmer
-
O lagostim mutante se reproduz cerca de três vezes mais rápido que outras espécies. São cerca de 300 ovos a cada três ou quatro meses. Em um ano os filhotes alcançam a maturidade
Wikimedia Commons
-
Apenas em 2016 o comércio foi proibido, mas o estrago estava feito. Quando viam seus aquários cheios de lagostins, as pessoas soltavam os filhotes em lagos, rios ou na privada. Isso o espalhou pela natureza rapidamente, como uma praga
Divulgação/Aquatic Forever
-
Em Madagascar a situação é diferente, uma vez que os lagostins passaram a ser apreciados na culinária local
Pixabay
-
Por isso a população do país solta o animal aos montes na natureza para que ele se reproduza
Divulgação/Aquatic Forever
-
O animal é ainda mais assustador do ponto de vista científico. Ele é capaz de se reproduzir em águas geladas na Europa e lagos quentes da costa africana, isso sem mudanças de DNA
Divulgação/Aquatic Forever
-
Apesar da ameaça representada pelo simpático lagostim, os cientistas estão estudando porque todas as espécies precisam de relações sexuais para a reprodução, quando a partenogênese é biologicamente mais favorável
Divulgação/Aquatic Forever
-
Segundo os cientistas que publicaram o estudo, espécies assexuadas tendem a não durar muito, justamente por seus códigos genéticos não se adaptarem a mudanças ambientais ou a grande quantidade de novos membros consumirem alimentos demais
Chucholl C./Wikimedia Commons
-
Outro problema é que uma única doença pode ser devastadora para toda a espécie, pelo DNA não ser capaz de se adaptar ou desenvolver defesas a tempo da sobrevivência
Fabritiius-Vilpoux e Harzsch/Sob licença Creative Commons
-
Até o momento, o marmorkrebs superou todos esses desafios. Em entrevista ao jorna norte-americano NY Times, o Dr. Lyko afirma que eles podem viver cerca de 100 mil anos. O que seria surpresa para ele, mas apenas uma nota de rodapé na história evolucionária da natureza
J-P Despault/Wikimedia Commons