PF: Bendine pediu propina quando Lava Jato já completava um ano
Pedidos à Odebrecht só cessaram com a prisão de Marcelo Odebrecht
Brasil|Do R7
A PF (Polícia Federal) considera estarrecedor o fato de o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, preso nesta quinta-feira (27), ter pedido propina à Odebrecht mais de um ano depois do início da Operação Lava Jato.
Delegados da PF e procuradores do MPF (Ministério Público Federal) falaram à imprensa em coletiva em Curitiba (PR). O delegado federal Igor Romário de Paula explica:
— Há indicativos de que o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil só deixou de receber propina em função da prisão de Marcelo Bahia Odebrecht.
Aldemir Bendine assumiu a presidência da Petrobras em fevereiro de 2015. Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015 e fechou a delação premiada apenas no início de 2017.
Durante as investigações, a PF flagrou a tentativa de Bendine de recolher impostos em 2017 (e portanto após a delação), de pagamentos realizados em 2015, numa tentativa de legalizar os recursos.
— Esse caso revela que apesar da Lava Jato muita gente ainda acredita que pode passar impune.
Para a polícia, também houve tentativa de destruição de provas, com o uso de aplicativos de mensagens com autodestruição.
O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine teria recebido ao menos R$ 3 milhões de propina em espécie da Odebrecht para não prejudicar a empresa em futuras contratações, segundo informações das equipes da PF e do MPF que atuam na Lava Jato.
Aparência legal
Para o procurador da força-tarefa da Lava Jato Athayde Ribeiro Costa, a tentativa de recolhimento de imposto, dois anos depois, mostra uma tentativa de dar aparência legal ao dinheiro.
— O operador André Gustavo Vieira em conluio com Aldemir Bendine resolveram recolher impostos sobre suposta consultoria prestada no valor de R$ 17 milhões. Para o MP, esse recolhimento de imposto serviu para dar aparência legal para esse dinheiro.
Bendine foi preso temporariamente nesta quinta-feira (27) em São Paulo, na 42ª fase da Lava Jato, denominada Operação Cobra. Ele foi levado para Curitiba.