PF conclui inquérito e indicia Vale, Samarco e 8 pessoas
Brasil|Do R7
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal concluiu o inquérito que investigou os crimes ambientais decorrentes do rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), em novembro de 2015, com o indiciamento da companhia, além da Vale, da empresa de engenharia geotécnica VogBR e de oito pessoas, informou o órgão federal nesta quinta-feira.
Em janeiro, a PF já havia realizado indiciamentos com conclusões parciais do inquérito.
Na investigação, a PF concluiu que os investigados sabiam dos riscos do rompimento e agiram de forma negligente, afirmou à Reuters por telefone o promotor do Ministério Público de Minas Gerais, Carlos Eduardo Pinto, que participou das investigações.
Os nomes dos indiciados não foram publicados e as causas do desastre foram associadas a uma perda de estabilidade na fundação de rejeitos, um processo conhecido como liquefação.
"Os tremores não foram fator decisivo e sim uma liquefação que houve em razão do acúmulo de água na barragem", disse o promotor, após participar de uma coletiva sobre o tema em Minas Gerais.
A Samarco é uma joint venture da brasileira Vale e da anglo-australiana BHP Billiton. As operações da mineradora estão paralisadas desde o rompimento da barragem.
A mineradora reafirmou recentemente seu objetivo de retomar a operação ainda neste ano, com 60 por cento de sua capacidade, até como forma de gerar recursos para fazer frente a despesas relacionadas às reparações aos atingidos pelo desastre, acordadas com o governo federal.
Agora, os documentos do inquérito seguem para a avaliação do MPF, que deverá se manifestar sobre o tema para a Justiça Federal, segundo explicou Pinto.
Considerado o pior desastre ambiental da história do Brasil, o rompimento da barragem deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o Rio Doce, que percorre diversas cidades até atingir o mar do Espírito Santo.
None
OUTRO LADO
A Vale afirmou nesta quinta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que repudia, "com veemência, o indiciamento de um funcionário no inquérito conduzido pela Polícia Federal, haja vista que jamais teve qualquer responsabilidade pela gestão da barragem de Fundão".
A mineradora reiterou a informação de que, na média dos últimos três anos, destinou aproximadamente 5 por cento do volume total de rejeitos depositados pela Samarco na barragem de Fundão, no mesmo período.
E que antes deste período a barragem não tinha sequer atingido 50 por cento de sua capacidade total, disse a Vale.
"Além disso, nunca houve variação significativa, em tonelagem, do volume de rejeitos enviado pela Vale à Samarco."
Procuradas, a Samarco e a VogBR não responderam imediatamente.
None
(Por Marta Nogueira)