Ex-comandante do Exército diz que minuta apresentada por Bolsonaro era igual à encontrada com Torres
Freire Gomes diz que Torres foi escalado pelo ex-presidente para explicar tese jurídica a comandantes das Forças Armadas
Brasília|Natália Martins, da RECORD, e Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes afirmou que, em reunião com os então comandantes das Forças Armadas, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi apresentada uma minuta do golpe com o mesmo teor da encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O depoimento ocorreu no dia 1º deste mês, e a RECORD teve acesso ao conteúdo nesta quinta-feira (14).
Segundo Freire Gomes, o documento determinava "estado de defesa" e instituía uma "comissão de regularidade eleitoral".
O general afirmou também que ele e o brigadeiro Baptista Júnior se posicionaram contra as medidas da minuta de decreto que impediria a posse do presidente-eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Freire Gomes teria afirmado que não havia suporte jurídico para qualquer atitude e que acreditava que o almirante Almir Garnier teria se colocado "à disposição".
De acordo com uma fonte ouvida pela RECORD, durante o depoimento, a PF apresentou a Freire Gomes a minuta encontrada na casa de Torres e perguntou ao general se era o mesmo documento apresentado na reunião de 7 de dezembro no Palácio da Alvorada. Freire Gomes teria confirmado que o mesmo conteúdo foi exposto a ele naquela e em outras reuniões, inclusive, na presença de Bolsonaro.
Segundo Freire Gomes, as reuniões eram, "geralmente", entre os comandantes das Forças Armadas, Paulo Sérgio Nogueira e o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas, quando questionado sobre a participação de Torres, o general afirmou que o ex-ministro da Justiça participou algumas vezes para dar explicações jurídicas.
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Segundo o general, Torres estava incumbido de prestar suporte jurídico para as medidas descritas na minuta, mas que o Exército sempre deixou claro que não atuaria nessas situações.
Freire Gomes teria ressaltado ainda que deixou claro tanto para Bolsonaro quanto para o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional.
O então comandante do Exército disse em seu depoimento que o brigadeiro Baptista Júnior também se posicionou contrário a qualquer medida que pudesse resultar em ruptura institucional.