YouTube mantém no ar reunião de Bolsonaro com embaixadores
Na ocasião, presidente criticou o sistema eleitoral, levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas, sem provas, e atacou o TSE
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O YouTube argumenta que não foram encontradas violações às políticas de comunidade e mantém no ar o vídeo de uma reunião divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro que mostra a apresentação do chefe do Executivo feita aos embaixadores estrangeiros em que ele ataca o sistema eleitoral brasileiro e levanta suspeitas, sem apresentar provas, contra as urnas eletrônicas. Até a tarde desta quinta-feira (21), o vídeo tinha 293.588 visualizações.
"Após revisão, não foram encontradas violações às políticas de comunidade do YouTube no vídeo em questão, postado em 18 de julho no canal Jair Bolsonaro", diz a nota da empresa. "Nossas equipes trabalham arduamente para garantir que tenhamos um equilíbrio entre liberdade de expressão, valor fundamental do YouTube, e a segurança das pessoas que diariamente buscam por informação na plataforma", completa.
O YouTube ressalta ainda que ouve especialistas externos, criadores de conteúdo e a sociedade civil para a construção dessas regras, que são atualizadas para "endereçar questões emergentes". "Lembramos que nossas avaliações levam em conta o conteúdo do vídeo, independentemente de número de inscritos, gênero, etnia ou ideologia do dono do canal", finaliza o comunicado.
Bolsonaro compartilhou em sua conta a apresentação ao corpo diplomático internacional, feita no Palácio da Alvorada na última segunda-feira (18). Na ocasião, o presidente ainda criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A apresentação, que desencadou reação de partidos de oposição e servidores federais, como procuradores da República, fez com que o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, desse a Bolsonaro cinco dias para se manifestar sobre as acusações feitas no encontro com embaixadores.
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O prazo para manifestação de Jair Bolsonaro foi dado em diferentes representações contra ele. Partidos como PT, PDT, Rede e PCdoB foram ao TSE pedir punições ao chefe do Executivo, alegando motivos como propaganda eleitoral antecipada e conduta vedada ao presidente da República.
Na última terça-feira (19), um dia após a apresentação de Bolsonaro, o YouTube removeu uma live feita pelo presidente em 29 de julho de 2021 em que ele ataca mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro e volta a levantar suspeitas, sem apresentar provas, sobre as urnas eletrônicas.
Explicação
Em nota, a rede social explica que estabelece regras que devem ser seguidas por todos os usuários da plataforma e que tem trabalhado para manter as políticas e sistemas de forma "a dar visibilidade a conteúdo confiável e reduzir a disseminação de informações enganosas, permitindo, ao mesmo tempo, a realização do debate político".
"Desde março de 2022, removemos conteúdo com alegações falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na eleição presidencial de 2018 e de que os votos foram adulterados. Esse é um dos exemplos do que não permitimos de acordo com nossa política contra desinformação em eleições", acrescenta o YouTube.