O mês de setembro consolidou um cenário catastrófico para a indústria automobilística brasileira, que desconstruiu o sólido crescimento registrado nos últimos anos. De acordo com o balanço da Anfavea — Associação Nacional das Fabricantes de Veículos, o volume de licenciamentos de veículos no País retornou no último mês aos volumes obtidos em 2006. Já no acumulado de janeiro a setembro, o total é equivalente ao de 2007. O reflexo da queda, segundo Luiz Moan, presidente da entidade, está nos estoques atuais: 20 dias no pátio das fábricas e 32 dias nas concessionárias. — A situação é realmente preocupante, porque traz um aumento de capacidade ociosa. É inevitável que caminhemos dessa forma na produção, para ajustar os estoques. Estamos produzindo apenas o que o mercado está absorvendo e nos virando como dá em relação às leis do trabalho. Os números mostram o esforço continuado da indústria em manter também o nível de emprego. Em números brutos, foram produzidos 174.240 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no País em setembro, contra 216.565 unidades montadas em agosto passado, total 19,5% menor. Mas o número assusta na comparação com setembro de 2014, quando 300.806 modelos saíram das fábricas brasileiras — queda de 42,1%. O desempenho, evidentemente, vem impactando no nível de emprego. Entre setembro deste ano e o de 2014, houve recuo de 9,6% na quantidade de empregados pela indústria.Licenciamentos caem 32,5% O balanço da Anfavea em relação aos emplacamentos também é um tanto ruim. Setembro recuou 3,5% em relação a agosto, com 200.077 unidades entregues ante 207.250 no mês anterior. Porém, na comparação com setembro de 2014, que teve 296.294 unidades vendidas, a queda foi de 32,5%. Já no acumulado de 2015 até setembro, o recuo chega a 22,7% — incluindo caminhões e ônibus. Se observados apenas os veículos leves (maioria de passeio), a desaceleração foi de 21,7% no mesmo período. Segundo Moan, a volta do IPI representou um recuo de 8 a 9 pontos percentuais no mercado. — Não podemos esquecer do impacto das alíquotas do IPI. No fim de 2014, houve uma procura maior por veículos novos por conta do fim da isenção do IPI, que terminou em 1º de janeiro deste ano. Sempre reforço esta questão, pois qualquer aumento de imposto no nosso setor representa uma queda de até 3 pontos percentuais nas vendas e no mercado. O contrário também é verdadeiro, o que aconteceu na última redução. E vale reforçar que cortes não significam um incentivo às montadoras, pois sempre será repassado ao consumidor final.Exportações, único alento Dos números apresentados pela Anfavea, as exportações seguem "no azul", impulsionadas pela desvalorização da moeda brasileira. Em setembro, houve queda de 3,2% no envio de veículos ao exterior, com 33.502 unidades contra 34.600 em agosto. Contudo, na comparação com setembro de 2014, quando 26.024 modelos foram exportados, a alta foi de 28,7%. A disparada do dólar norte-americano já reflete também no acumulado de 2015: aumento de 12,3% no volume exportado, com 293.407 unidades contra as 261.307 do mesmo período de 2014. — Neste momento, nós temos os carros mais baratos do mundo. Conhecemos a capacidade de renda do brasileiro, mas é uma oportunidade única para sedimentar o conceito de que não podemos fazer uma análise meramente quantitativa em relação à moeda.Nova projeção Diante dos números ruins, a Anfavea voltou a refazer suas projeções para 2015. Segundo o presidente Luiz Moan, foram analisados cinco cenários possíveis para o último trimestre, e todos convergiram para os números divulgados pela entidade. — As vendas nos próximos três meses devem se manter estáveis, com médias diárias dos últimos três meses. Nós acreditamos que a crise vai passar. Caso contrário, não haveria sentido em criar ferramentas para manter o nível de emprego na indústria. Estudos realizados pela Anfavea já mostraram que nós (o Brasil) temos potencial para vender mais de 7 milhões de unidades por ano até 2020. De 2012 a 2018, as montadoras estão planejando investimentos de mais de R$ 80 bilhões. Nenhuma empresa quer jogar dinheiro fora.PROJEÇÕES DA ANFAVEA PARA O FECHAMENTO DE 2015 Licenciamentos: -27,4% Veículos leves: -26,5% Veículos pesados: -45,4% Produção: -23,2% Veículos leves: -22,1% Veículos pesados: -41,4% Exportação: +12,2%Acesse aqui a página de R7 CarrosAssine o R7 Play e veja a programação da Record online!