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Alunos que perderam R$ 3 milhões em formatura levam caso à Justiça: 'Foi uma decepção enorme'

Prefeitura de Maringá acionou o Procon para apurar conduta da empresa Brave, responsável pelo evento que não foi entregue

Cidades|Isabelle Amaral, do R7

Empresa cancelou formatura horas antes do evento
Empresa cancelou formatura horas antes do evento Empresa cancelou formatura horas antes do evento

Os alunos de medicina da Unicesumar, em Maringá, no Paraná, que pagaram R$ 3 milhões para a realização da formatura durante os anos da graduação e, no fim, não receberam a festa, vão acionar a Justiça contra a empresa Brave, responsável pelo evento, para tentar recuperar parte do dinheiro. Para a estudante Isabelle Martini, que foi uma das vítimas desse golpe, "o dano emocional nunca será recuperado".

Ao R7, a jovem contou que a expectativa era grande: familiares que moram em outras cidades viajaram para Maringá, no Paraná, para comemorar a formação dela, que, desde 2017, tem trabalhado duro para se tornar médica. A informação do cancelamento do evento foi dada horas antes aos alunos, e com a justificativa da empresa de não ter recebido todo o dinheiro.

"Eles mandaram uma nota para a gente durante a madrugada para dizer que teve um furo de mais de R$ 500 mil na nossa conta, sendo que nós estávamos pagando certo, vendemos mais de R$ 700 mil só de convite, então não tinha como ter esse rombo", conta Isabelle.

Com o vestido alugado, salão marcado e a família em casa, a estudante afirma ter ficado "sem chão". A turma teria começado o pagamento à Brave em parcelas desde o segundo ano da faculdade.

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A apresentação da empresa aos alunos, na época, foi exuberante, com diversas atrações, decorações luxuosas, espaço bem adaptado e as mais deliciosas e variadas opções de comida, segundo a estudante, mas nada foi entregue.

"Sempre foi meu sonho cursar medicina. Quando passei no vestibular, nem acreditei. Fiquei ansiosa esse tempo todo para celebrar a minha formação e, quando aconteceu isso, foi uma decepção enorme. Foi um investimento de R$ 20 mil por pessoa, além dos convites", desabafou Isabelle.

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Outra empresa de eventos chamada Euphoria também foi avaliada para a formatura, mas, como a Brave atraiu mais, os alunos fecharam contrato.

Apesar da nota de cancelamento, as vítimas foram atrás e conseguiram “reatar” a festa. Quando chegaram ao local, a decoração ainda estava sendo montada e não tinha a estrutura de um evento no valor que tinham pago.

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A Brave chegou a pedir R$ 3.000 para cada aluno para fazer o baile, mas os formandos foram aconselhados por advogados a não mandarem o dinheiro, já que o valor estipulado para o evento já havia sido pago.

O dono do bufê viu a situação e informou aos formandos que a empresa não tinha pago pelos serviços, mas que faria o jantar para não deixar aquele momento passar em branco. Alguns formandos decidiram aproveitar o que lhes restava, mas outros foram embora, decepcionados.

Isabelle, que ficou por lá, conta que o banheiro estava sujo, havia muita fila para pegar comida, que, inclusive, não foi suficiente para a quantidade de pessoas, o chão estava escorregadio, e idosos caíram; a única coisa que a empresa manteve foram as atrações, com artistas famosos.

Apesar da decepção, alunos contrataram empresa e fizeram a festa de 'última hora'

A Euphoria, empresa que havia sido avaliada para a realização do baile de formatura durante o início da graduação, foi acionada pela comissão após o golpe, mesmo que, de última hora, eles tivessem conseguido realizar o evento.

'No fim, tive a formatura, às pressas', desabafa Isabelle
'No fim, tive a formatura, às pressas', desabafa Isabelle 'No fim, tive a formatura, às pressas', desabafa Isabelle

"Teve um custo por pessoa, é claro, mas eles deixaram parcelar em até 12 vezes. Fizeram tudo em menos de oito horas", afirma Isabelle.

O pai de uma colega da jovem é advogado e aconselhou os alunos a fazer um boletim de ocorrência individual contra a empresa. Além disso, de acordo com Ulisses Maia, prefeito de Maringá, o Procon também foi acionado para investigar o caso.

A reportagem tentou contato com a Brave e a Euphoria para um posicionamento, mas, até o momento, não obteve retorno.

Sobre a empresa Brave Brasil

No site, a empresa se intitula "a única do Brasil a atender apenas formaturas de medicina milionárias". Agora, a página na web do Reclame Aqui tem diversos relatos de clientes insatisfeitos.

"A Brave pegou o dinheiro, não pagou nenhum fornecedor e não entregou a formatura. Foram seis anos pagando", comentou, indignado, um aluno.

"Gostaria de pedir reembolso dos convites pagos para a formatura. Palhaçada eles cancelarem na madrugada do evento", disse outra estudante. Além de formandos, a empresa reúne críticas de fornecedores que não foram pagos, cobranças indevidas e péssimo serviço.

Outro caso de golpe da formatura em menos de duas semanas

Dessa vez, o caso envolve uma aluna, não uma empresa especificamente. Alicia Dudy Müller, estudante de medicina da USP (Universidade de São Paulo), é acusada de ter desviado todo o dinheiro, quase R$ 1 milhão, da comissão de formatura.

As primeiras denúncias ocorreram no último dia 16 de janeiro, após a jovem, de 25 anos, mandar uma mensagem aos colegas no grupo de WhatsApp para informar que teria sido vítima de um golpe após ter investido o dinheiro na Bolsa de Valores.

Os alunos, desconfiados, foram à delegacia para informar o desvio do dinheiro. Após ter ficado mais de uma semana em silêncio, Alicia prestou depoimento e confessou que teria usado o valor em gastos pessoais.

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