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Pilotos do Legacy se sentem vítimas do acidente que deixou 154 mortos, diz defesa

Tragédia completa sete anos hoje e pilotos condenados continuam soltos

Cidades|Ana Cláudia Barros e Ana Ignacio, do R7

Boeing caiu no meio da mata, em Mato Grosso
Boeing caiu no meio da mata, em Mato Grosso Boeing caiu no meio da mata, em Mato Grosso

O acidente do voo 1907 da Gol, uma das maiores tragédias aéreas registradas no País, completa sete anos neste domingo (29) e ainda não há previsão para o desfecho do caso. No choque entre a aeronave da companhia aérea brasileira e um jato Legacy, de propriedade da empresa ExcelAire,154 pessoas morreram. Todas eram ocupantes do Boeing.

Viúva de um dos passageiros, a empresária Rosane Gutjahr, diretora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, aguarda uma decisão definitiva no processo criminal contra os pilotos do jato, os norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Ambos foram condenados em 1ª e 2ª instância e agora aguardam, em liberdade, a resposta do STJ (Superior Tribunal de Justiça) a recursos da defesa e da acusação.

Em meio à dor e revolta, ela diz ter basicamente dois focos na vida: a filha, hoje com dez anos, e o processo do caso. A empresária explica que precisa “fechar o ciclo”.

— Eles [Lepore e Paladino] continuam livres. Eu preciso fechar este ciclo, preciso dar uma resposta para mim, para o meu marido, para minha filha.

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Na outra ponta da história, os sentimentos são de "ansiedade e preocupação". Advogado dos pilotos no Brasil, Theo Dias Neto afirma que os clientes “se sentem vítimas de erros de terceiros”. Os dois, que também respondem a processo administrativo, continuam exercendo a profissão.

— Eles se sentem inocentes, se sentem vítimas de uma série de erros crassos do sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro. São sobreviventes como os outros desse acidente aéreo. Obviamente, esse acidente é uma marca que eles vão levar para toda a vida. Ninguém pode sair psicologicamente ileso de um acidente que envolve a morte de 154 pessoas. São pessoas profundamente traumatizadas com o ocorrido, profundamente sensibilizadas com o ocorrido, mas se sentem vítimas de erros de terceiros. Não se sentem responsabilizados pelo que ocorreu.

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Já Rosane destaca os impactos da tragédia na vida dos familiares daqueles que morreram no acidente.

— O laudo do IML diz que 90% das pessoas [a bordo do Boeing] morreram com a queda no solo. Isso significa que 90% caíram e estavam caindo vivas, sabendo que iam morrer. Então, você imagina a dor, o sofrimento, o desespero dessas pessoas. Teve um senhor que perdeu cinco [pessoas] da mesma família no acidente. O cara não levou seis meses e morreu. É um desespero total. Transforma sua vida, tira seu chão, mata seu futuro.

A empresária, que ainda carrega no dedo a aliança do casamento, conta que a filha recebe acompanhamento psicológico e está aprendendo a lidar com a perda.

— [Ela] passou um período e ficou mais tranquila, criou consciência, está em uma psicóloga até hoje. Está aceitando, entendendo e sabendo lidar com a situação. Ela fez um desenho que são quatro bonecos. Algemou os dois no desenho, que são os pilotos, e fez dois bonequinhos como se fossem policiais, dizendo “podem entrar na cadeia”. Me deu o desenho para eu entregar para algum repórter entregar para a Dilma [Rousseff].

Controladores

Além dos pilotos, oscontroladores envolvidos no acidentetiveram que responder a processo na esfera criminal. Em outubro de 2010, a Justiça Militar condenou o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Outros quatro controladores foram absolvidos. Eles haviam sido denunciados pelo Ministério Público Militar por negligência e por não observar as normas militares de segurança.

Em maio do ano passado, Santos teve recurso negado.Um ano antes, ele havia sido absolvido na Justiça Federal. Naquela ocasião, o controlador Lucivando Tibúrcio de Alencar foi condenado a três anos e quatro meses de detenção, em regime aberto, ficou estabelecido que a pena seria substituída por prestação de serviços comunitários, além da proibição do exercício da profissão.

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Na avaliação do procurador regional da República Osnir Belice, tanto os controladores quanto os pilotos tiveram “culpa grave”.

— Os controladores viram que a aeronave estava com o transponder desligado e não tomaram providência para manter contato. Havia cinco frequências para tentar contato. Tentaram em uma frequência só.

Ele entende que houve “descaso” em relação ao tráfego aéreo.

— Como é que você deixa uma aeronave voar por uma hora com o transponder desligado? Na tela, mostrando que o transponder estava desligado, não se consegue contato via rádio, e simplesmente ignora, deixa a pessoa voar por uma hora. Isso é uma enormidade na aviação. Voar uma hora sem contato com a torre, sem o sistema anticolisão ligado. Foi uma sucessão de erros tanto dos pilotos quanto dos controladores. Ambos merecem ser condenados. Nenhum é santinho. Todos tiveram culpa grave.

O Acidente

O Boeing 737 da Gol seguia de Manaus (AM) em direção a Brasília (DF), quando se chocou com o Legacy, que havia partido de São José dos Campos (SP). Apesar do acidente, o jato conseguiu pousar na base aérea da Serra do Cachimbo, no sul do Pará.

Os destroços do Boeing foram localizados nas proximidades do município de Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso.

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