Com diversos recordes indesejados, a construção civil não tem motivos para comemorar o ano de 2015 e ainda segue sem projeções positivas para 2016. O setor estima que o País deve encerrar o ano com 557 mil vagas com carteira assinada a menos e já prevê o corte de mais 200 mil postos ao longo do ano que vem. Segundo dados revelados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Construção Civil de São Paulo) nesta terça-feira (8), somente no Estado de São Paulo, o corte de vagas formais no setor deve alcançar os 94 mil até o final deste mês de dezembro. O PIB (Produto Interno Bruto) da construção, por sua vez, tende a ter uma retração ainda mais acentuada do que a prevista para a economia nacional. Enquanto as riquezas do País tendem a recuar 3,5%, de acordo com o BC (Banco Central), o SindusCon-SP prevê que o setor deve encolher 8% em 2015. Para 2016, é prevista uma queda de mais 5% no PIB da construção. De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos do setor da construção da FGV (Fundação Getulio Vargas), o ano de 2014 já havia se encerrado de “modo atípico” e os problemas se agravaram no decorrer deste ano. Ela explica que os profissionais ocupados pelo setor voltou ao patamar de 2011. — Se os número do PIB para o País foram ruins, na construção foi muito pior. A gente pode falar que esse é o pior resultado desde 2003, que foi também um ano muito ruim para o setor. Castelo lembra que, diferentemente dos dados formais de emprego, o PIB do setor leva em conta reformas e obras não realizadas por empresas credenciadas.Em dois anos, imóveis devem ficar ainda mais caros em SP e no RJ O sindicato atribui as perdas à redução da renda das famílias, ao ambiente político desfavorável, ao alto volume de saques da poupança, ao atraso nos pagamentos de programas do governo federal e à queda na confiança das famílias e das empresas. O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz, afirma que o ramo espera pela adoção das medidas de ajuste fiscal para efetivar a retomada de crescimento da economia e do setor. — A indústria da construção é favorável a uma resolução rápida da crise política, fundamental para retomada das medidas de ajuste fiscal e à consequente manutenção do grau de investimento.Preço dos imóveis Sem fazer uma estimativa para o valor dos novos imóveis no Brasil em 2016, o presidente do SindusCon-SP diz que espera por uma alta no preço dos novos empreendimentos instalados em São Paulo. — Se eu pudesse chutar, diria que [o preço dos imóveis] vai subir porque houve venda de estoques. Em São Paulo, o valor do imóvel tende a ficar mais alto em função do Plano Diretor por conta das diversas restrições adotadas pelo novo documento.Construtoras em SP e RJ abrem mão do lucro para não ficar com imóveis encalhados