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Gasto médio com material de construção cai à metade, mas setor volta a crescer

Após pior período nas vendas, expectativa é fechar 2017 no azul

Economia|Juca Guimarães, do R7

Consumidor está gastando agora metade do valor gasto no pré-crise
Consumidor está gastando agora metade do valor gasto no pré-crise

O mercado de material de construção no Brasil começa a respirar aliviado e prevê uma perspectiva de melhora nas vendas do setor, após o período mais difícil da recente crise econômica e política do País.

O consumidor gasta, em média, R$ 200 com material de construção, o que é metade dos R$ 400 que se gastava há dois anos. A boa notícia é que, aos poucos, o volume de vendas aumenta.

Entre janeiro e julho deste ano, o faturamento do setor aumentou 3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o levantamento feito pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção).

A estratégia do governo de liberar os saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que injetou quase R$ 44 bilhões na economia e favoreceu o setor, de acordo com presidente da entidade, Cláudio Conz.


— Fomos beneficiados não apenas diretamente, com o consumidor investindo esse dinheiro em produtos do nosso setor, mas também indiretamente, já que muita gente utilizou o saldo inativo para pagar dívidas junto a credores, e agora estão aptas novamente a solicitar empréstimos e financiamentos, inclusive para reforma e construção.

O setor espera fechar o ano com vendas R$ 5,5 bilhões superiores ao resultado de 2016, quando o faturamento foi de R$ 110 bilhões. Os produtos que puxam as vendas atualmente são as tintas e as cerâmicas. 


As lojas anteciparam as promoções para manter o mercado aquecido. Mais de 65% das vendas do ano são referentes ao segundo semestre. Por isso, os lojistas estão otimistas com os próximos meses.

R7: O setor de venda de material de construção vive um período de retomada pós-crise econômica?


Cláudio Conz: 2016 e 2015 foram anos muito ruins para o nosso setor, muito afetados pela falta de crédito ao consumidor e pelos problemas econômicos que o Brasil vinha enfrentando, mas desde o final do ano passado estamos apresentando uma melhora, mesmo que modesta, no nosso índice de vendas. Em situações como essa, de dois anos seguidos de retração depois de 10 anos consecutivos batendo recorde de faturamento, qualquer recuperação precisa ser muito estudada. E os números não nos deixam mentir. Nos primeiros sete meses no ano, o setor apresenta crescimento de 3% sobre o mesmo período do ano passado. Estamos otimistas, pois o nosso setor sempre melhora quando há uma maior oferta de crédito e o mercado dá sinais de retomada. Tivemos a retomada do Construcard, a criação do Cartão Reforma, além dos próprios bancos privados estarem investindo em melhoria de crédito para o nosso setor.

R7: O setor percebeu de alguma forma a injeção de dinheiro com a liberação do FGTS inativo para os trabalhadores?

Cláudio Conz: Com base em estudo desenvolvido em maio pela CNC (Confederação Nacional do Comércio) metade do valor inativo do FGTS liberado no mês foi destinado ao consumo e o setor de material de construção foi o segundo maior beneficiado. Fomos beneficiados não apenas diretamente, com o consumidor investindo esse dinheiro em produtos do nosso setor, mas também indiretamente, já que muita gente utilizou o saldo inativo para pagar dívidas junto a credores, e agora estão aptas novamente a solicitar empréstimos e financiamentos, inclusive para reforma e construção.

R7: O setor antecipou o período de promoções ou facilitou a compra a prazo?

Cláudio Conz: O nosso setor ainda depende muito do aumento da confiança do consumidor, até porque costumo dizer que reforma não é uma coisa que você faz sem planejamento. Ninguém acorda de manhã morrendo de vontade de comprar um bidê. Justamente por isso, o cliente do nosso setor costuma segurar as compras quando não está muito confiante na economia. Acontece que reforma não é uma coisa que você consegue adiar por muito tempo, seja porque a infiltração no telhado vai aumentar, ou porque você não aguenta mais ver o mofo no azulejo do banheiro. Para atrair esse consumidor às lojas, os estabelecimentos estão aproveitando o momento para girar seus estoques, oferecendo promoções e descontos especiais. Isso tem feito com que os clientes queiram aproveitar o momento para reformar ou voltar a construir.

 R7: Qual era a expectativa de crescimento das vendas para 2017? Essa meta será atingida?

Cláudio Conz: A nossa expectativa é fecharmos 2017 com 5% de crescimento sobre o ano passado, quando tivemos um faturamento de R$ 110 bilhões. Até agora tudo nos leva a crer que a meta será atingida. Aos poucos estamos sentindo o impacto da melhoria do crédito ao consumidor, além do impacto do Cartão Reforma que, até o final de 2017, vai injetar R$ 1 bilhão. O segundo semestre do ano também corresponde a 65% das vendas do varejo de material de construção no ano e será imprescindível para atingirmos a meta.

R7: Qual foi o resultado de 2016? 

Cláudio Conz: De acordo com a pesquisa que a Anamaco realizada mensalmente com 530 entrevistados das cinco regiões do Brasil, o varejo de material de construção fechou o ano de 2016 com 6% de queda sobre 2015. Como mencionei acima, 2015 e 2016 foram dois dos piores anos da nossa série histórica, que existe desde 1993.

R7: Quais os tipos de material que estão puxando as vendas?

Cláudio Conz: Materiais básicos como tijolo, argamassa, areia e cimento têm tido uma melhora no desempenho ao longo do ano, mas o setor de tintas e revestimentos cerâmicos foram os dois com maior desempenho de vendas no mês de julho. Eles são importantes porque são usados na fase final das obras ou em reformas mais sazonais.

R7: Dá para analisar o tipo de destinação do material de construção comprado atualmente? É para obra de construção ou para obra de reforma?

Cláudio Conz: Tanto para reformas quanto para construções. Como eu disse, a venda de tintas e revestimentos cerâmicos acontece em uma fase mais avançada da obra, então isso indica uma retomada de obras. O mercado de reforma funciona de forma mais aquecida durante todo o ano, porque o Brasil é formado por 200 milhões de residências que funcionam como seres vivos e vão demandar pequenos reparos cedo ou tarde por conta do uso e desgaste natural. Isso acontece por “n" motivos, seja porque há uma infiltração no telhado, porque houve algum vazamento que danificou a parede, ou porque você vai precisar refazer o encanamento por algum motivo x. Além disso, o aumento no número de casamentos e divórcios também influencia muito o nosso setor. Quem casa quer casa e quem se divorcia também quer a sua casa. Quem muda nunca entra na casa que alugou ou comprou como ela está, sempre altera uma coisa ou outra, ou porque quer trocar o piso ou porque quer mudar a cor da parede para dar um ar mais aconchegante pro novo lar.

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