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Idosos brasileiros abrem casas a turistas para ter grana extra

Público da terceira idade se destaca como anfitrião em plataforma de anúncios na internet

Economia|Fernando Mellis, do R7

Sonia com o empresário Fernando Junji Ishi, de Curitiba, que estava hospedado na casa dela na última semana
Sonia com o empresário Fernando Junji Ishi, de Curitiba, que estava hospedado na casa dela na última semana

O quarto sobrando que a assistente social Sonia Maria Ribeiro de Freitas, de 66 anos, tinha no apartamento se tornou útil há quatro anos, quando o trabalho como corretora de imóveis já não garantia a renda necessária.

Moradora da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, ela seguiu o conselho de uma vizinha e resolveu anunciar uma vaga na plataforma comunitária de hospedagem Airbnb.

— Eu estava com um quarto vago, meu filho foi morar em Guararema e estava passando por uma dificuldade financeira muito grande. Fiz uma primeira experiência com uma pessoa que chegou de Dubai, mas era brasileira. Deu muito certo e eu falei: ‘Vou arriscar’. Desde então já foram quase 70 hóspedes, de todos os cantos do mundo.

Ela fez uma adaptação no apartamento para ter mais armários e hoje aluga dois quartos. O dinheiro que entra é a única fonte de renda dela. "Dá para pagar as contas e viver", diz.


Sonia faz parte de um grupo de anfitriões que cresceu no Airbnb em 2016. De acordo com a empresa, o número de pessoas acima de 60 anos oferecendo espaços em suas próprias casas subiu 138% durante o ano passado.

"O Airbnb já verificou essa mesma tendência na Europa e nos Estados Unidos", diz Leo Tristão, diretor-geral do Airbnb no Brasil.


— O compartilhamento de lares por meio da plataforma vem se tornando cada vez mais uma alternativa para que as pessoas acima dos 60 anos superem as dificuldades financeiras por meio da utilização de um bem conquistado, seu próprio imóvel, para obter renda extra.

Essa faixa etária é a que mais lucra com o aplicativo. Enquanto o rendimento médio no Brasil é de R$ 5.500, a terceira idade chega a conseguir quase R$ 7.600, em média, com hospedagens.


Em cidades como Petrópolis, Teresópolis, Resende (RJ) e Guarujá e Campos do Jordão (SP), anfitriões acima de 60 anos representam 20% do total dos anúncios.

Segundo a empresa, a necessidade de renda extra e até mesmo de uma companhia impulsiona idosos a anunciarem no site. Muitos deles têm espaço em casa para acomodar mais pessoas. 

O mais difícil é se acostumar com tanta gente diferente em casa. Sonia diz que lidou fácil com a mudança e hoje já vê vantagens.

— Foi um desafio. Você perde um pouco a sua liberdade, mas como eu tiro tudo de letra... toda hora você está com alguém diferente em casa, com algo diferente para aprender.

Nem mesmo o fato de não falar inglês atrapalha os planos da assistente social.

— A maioria fala muito mal português. Mas tudo eu traduzo, faço mímica à vontade com eles e nunca tive problemas. Quando a gente está conversando eu uso o tradutor, mas a mímica é a melhor.

Ao final, ela diz que sempre acaba se divertindo com os hóspedes.

— A gente vai passear. Fica uma amizade. Posso dizer que tenho grandes amigos, a maioria dos meus hóspedes. Tem gente do mundo inteiro. Espero continuar fazendo isso até morrer.

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