Poupança tem maior ganho real em 6 anos, com desaceleração da inflação
Os ganhos reais nos últimos 12 meses encerrados em março chegaram a 3,52%, segundo levantamento da TradeMap
Economia|Do R7
Com a desaceleração da inflação em março, a caderneta de poupança registrou rentabilidade real de 3,52%, nos últimos 12 meses — o melhor resultado desde dezembro de 2017. Os dados são da plataforma de investimentos TradeMap.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março, divulgado nesta terça-feira (11), mostrou que a inflação do país fechou o mês em alta de 0,71%, contra o rendimento de 0,74% da caderneta de poupança. Com isso, quem investiu nessa modalidade conseguiu uma rentabilidade real no período.
No acumulado dos últimos 12 meses até março, a caderneta também ganhou do IPCA: a aplicação valorizou 8,33%, contra um avanço de 4,65% da inflação. Já ao considerar o ano de 2023 como um todo, o cenário muda. No período, a inflação acumulou alta de 2,09%, acima da valorização da poupança, de 2,08%.
Segundo a TradeMap, em março, seis modalidades de investimento monitoradas pela plataforma tiveram rentabilidade superior ao IPCA, sendo que o bitcoin fechou com o melhor desempenho, em alta de 19,42%, seguido pelo ouro, com avanço de 4,28%, e pelo índice de BDRs (títulos emitidos no Brasil que representam uma ação de companhia aberta sediada no exterior), com valorização de 2,99%.
O Ibovespa, principal índice que representa investimentos na bolsa, teve o pior resultado, com recuo de 2,91%. O dólar Ptax (taxa de câmbio) apresentou queda de 2,45% em março, e o índice de dividendos teve perdas de 2,02%.
Em 2023
Considerados os primeiros três meses de 2023, cinco índices alcançaram um desempenho superior ao da inflação, ou seja, tiveram uma rentabilidade real. De acordo com a TradeMap, o melhor desempenho foi registrado pelo bitcoin, com valorização de 64,77%, seguido pelo índice de BDRs, com alta de 8,73%, e pelo ouro, com avanço de 4,97%.
O pior resultado ficou com o índice de small caps, que representa ações de companhias consideradas pequenas quando comparadas com as demais empresas na bolsa, que recuou 9,51%. O Ibovespa, com desvalorização de 7,16%, e o índice de dividendos, com perdas de 4,08%, fecham a lista das maiores quedas.
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No acumulado dos últimos 12 meses até março
Nos últimos 12 meses até março, sete índices tiveram rentabilidade superior ao IPCA. Nenhum deles, no entanto, de renda variável.
A maior alta foi do CDI, com valorização de 13,29%, seguido pela do IMA Geral (que calcula o desempenho dos títulos públicos), de 10,83%, e pela do ouro, com avanço de 8,56%.
O bitcoin, com bons resultados em março e em 2023, sofreu a maior queda acumulada nos últimos 12 meses, na ordem de 30,99%, seguido pelo índice de small caps, com perdas de 27,95%, e pelo Ibovespa, com desvalorização de 15,10%.
Histórico
A caderneta de poupança tem registrado recorde de retirada nos últimos meses. O movimento ocorre em meio a um cenário de juros elevados, que reduz a competitividade da poupança frente a outros investimentos.
Com a alta da taxa básica de juros, a Selic, a aplicação tem perdido recursos. Em 2022, a caderneta fechou o ano no vermelho, com mais saques que depósitos e saldo devedor de R$ 103,23 bilhões. Foi a pior captação negativa da série histórica da aplicação. Até então, a maior perda anual da poupança, de R$ 53,6 bilhões, havia ocorrido em 2015.
Atualmente, com a taxa Selic a 13,75% ao ano, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), hoje em 0,0828% ao mês (1% ao ano), mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17%). Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a atualização é feita com TR mais 70% da taxa básica de juros.
*Com Agência Estado