Os Estados Unidos fornecerão à União Europeia mais gás natural liquefeito (GNL) para ajudar a reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, disse o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta sexta-feira (25), em meio a uma reunião dos líderes da União Europeia para lidar com a crise de energia desencadeada pela guerra. O pacto, anunciado durante uma visita de Biden a Bruxelas, segue-se a um dia de três cúpulas na cidade, onde os líderes se reuniram para tratar da invasão russa da Ucrânia e oferecer novo apoio a Kiev. "Estamos nos unindo para reduzir a dependência da Europa da energia russa", disse Biden aos repórteres. "Não devemos subsidiar o ataque brutal de Putin à Ucrânia." A Rússia fornece 40% das necessidades de gás da União Europeia e mais de um quarto de suas importações de petróleo. "Como vocês sabem, nosso objetivo é reduzir nossa dependência da Rússia", disse Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, em entrevista coletiva conjunta com Biden. "O compromisso dos Estados Unidos de fornecer à UE pelo menos 15 bcm (bilhões de metros cúbicos) adicionais de GNL neste ano é um grande passo nessa direção", disse ela, acrescentando: "Estamos determinados a nos opor à guerra brutal da Rússia". Entretanto, como as usinas norte-americanas já estão produzindo GNL em plena capacidade, os analistas disseram que a maior parte do gás adicional que vai para a Europa teria que vir de exportações que teriam ido para outras partes do mundo. O objetivo a longo prazo seria garantir, pelo menos até 2030, cerca de 50 bcm por ano de GNL adicional dos EUA, disseram Von der Leyen e Biden. A invasão da Ucrânia pelo maior fornecedor de gás da Europa aumentou ainda mais os já elevados preços da energia e fez com que a UE se comprometesse a reduzir o uso de gás russo em dois terços neste ano, através da elevação de importação de outros países e do aumento de uso de energias renováveis. Os líderes da UE discutirão nesta sexta-feira o que mais podem fazer para controlar as altas contas de energia. "A UE não significa apenas grandes princípios, grandes reuniões e presidentes americanos", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, aos repórteres na chegada para um segundo dia de uma cúpula de líderes da UE. "Hoje trataremos das questões cotidianas do povo e isso é a fatura de eletricidade e gás da população, e esse é o impacto que vemos hoje dessa guerra na Ucrânia... então precisamos intervir", disse ele, acrescentando que a UE deveria entrar no mercado de energia para reduzir os preços. A Espanha, Grécia e outros países defenderão os limites de preços de energia e a intervenção no mercado, enquanto um grupo que inclui a Alemanha e a Holanda vai recuar e procurar atrasar tais medidas, disseram diplomatas. A questão divisiva de impor ou não um embargo à energia russa, além da série de sanções já aplicadas a Moscou, também surgirá, mas nenhuma decisão é esperada. Aqueles mais dependentes deste fornecimento — em particular a Alemanha — estão relutantes em dar um passo que teria um grande impacto econômico. Os 27 líderes também se comprometerão a começar a comprar gás em conjunto e a encher os estoques antes do próximo inverno para construir um amortecedor contra novos choques de abastecimento.