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Principal jornal francês afirma que economia argentina “desceu ao inferno” em 70 anos

Para Le Monde, causa para a crise econômica é o modelo de política peronista

Internacional|Do R7

Política argentina tem até hoje uma forte influência do peronismo
Política argentina tem até hoje uma forte influência do peronismo Política argentina tem até hoje uma forte influência do peronismo

De grande estrela a caos econômico, foi assim que descreveu a Argentina o jornal francês, Le Monde. A publicação divulgou um texto nesta semana em que descreve e analisa a forte decadência portenha que em pouco mais de um século foi do céu ao "inferno".

O periódico destacou que o país vivencia, pela sexta vez desde a 2ª Guerra, a difícil situação de ser incapaz de pagar sua dívida externa.

As crises financeiras que se seguiram no país nas últimas décadas refletem uma das piores fases de declínio econômico em tempos de paz da história contemporânea: entre os muitos problemas com os quais a Argentina teve que lidar nos últimos tempos, figuraram principalmente o não pagamento da dívida externa, a hiperinflação, as crises bancárias e a dolarização da economia.

De acordo com o jornal francês Le Monde, se fosse preciso mencionar uma causa única para o declínio argentino, seria o peronismo. Além de Juan Perón ter governado a Argentina durante muitos anos (de 1946 a 1955 como presidente e de 1973 a 1976 por meio de sua esposa), até hoje o peronismo ainda está fortemente enraizado na vida política e social do país. A maior parte dos governantes da Argentina se inspirou no modelo de Perón, direta ou indiretamente.

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Segundo Jean-Pierre Petit, autor do artigo no Le Monde, o peronismo representaria a ilusão de um modelo de desenvolvimento autônomo apoiado pelo Estado e livre das regras da concorrência e da competitividade. A estratégia protecionista de substituição das importações fez com que o setor manufatureiro ficasse cada vez mais dependente das ajudas e proteções públicas, ou seja, nunca realmente competitivo.

Se voltarmos um pouco no tempo, veremos que o passado da Argentina é muito diferente da situação que o país vive hoje. Entre o fim do século 19 e o início do 20, ela era uma das grandes “estrelas” mundiais e fazia parte do seleto grupo das nações mais ricas do planeta. Além disso, sua abertura econômica e sua potência agrícola atraíam um grande volume de capital estrangeiro e de imigrantes.

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Em 1920 e em 1950, a Argentina era a nona economia mundial. Em 2014, ela ocupa a 27ª posição. Em 1900 e em 1950, os argentinos tinha o mesmo nível de vida que os franceses, e o PIB do país era o 12º maior do mundo. Atualmente, ela detém o 62º lugar, em valor, e o 69º em poder de compra.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a economia argentina se manteve bem fechada na maior parte do tempo. Confrontada ao declínio econômico, o Estado se afundou em um clientelismo social quase estrutural. 

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Os vários governos argentinos nunca conseguiram ir além das preocupações de curto prazo e sempre estiveram fortemente marcados pela corrupção. Isso fez com que o país vivenciasse uma instabilidade política crônica. Os vários golpes de Estado que ocorreram na Argentina (1943, 1955, 1962 e 1976) fizeram acentuar ainda mais as práticas clientelistas.

Em termos de competitividade, a Argentina ocupa a posição 104 na classificação do Fórum Econômico Mundial e a 126 na pesquisa “Doing Business” do Banco Mundial.

A descida progressiva argentina ao inferno desde há cerca de 70 anos evidencia que os diversos níveis de sucesso entre as nações ocorrem devido às diferenças entre as administrações públicas, e não à quantidade de riquezas naturais.

A dinâmica do declínio é quase uma bola de neve: é muito difícil, dentro de um contexto como este, fazer valer uma estratégia de recuperação econômica durável, pois há vários empecilhos. Os obstáculos sociológicos, políticos e mesmo econômicos (há um custo alto a curto prazo) são gerados pelo declínio econômico e tornam cada vez mais complicada a saída deste.

Atualmente, o desempenho macroeconômico da Argentina se aproxima do que faz a Venezuela e contrasta muito com as conquistas de outros vizinhos latino-americanos. Tanto as economias tradicionalmente mais fortes, como é o caso do Chile, quanto as de sucesso mais recente, como Colômbia ou México, seriam bons exemplos a ser seguidos.

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