"Prisioneiro X" se pendurou em um lençol no banheiro de sua cela, aponta investigação israelense
Prisão secreta de Ben Zygier e sua posterior morte em um presídio de segurança máxima causaram desconforto e críticas aos governo israelense
Internacional|Do R7, com agências internacionais
O suposto agente do Mossad Ben Zygier, conhecido como "Prisioneiro X" e que foi encontrado morto em uma prisão israelense em 2010, cometeu o suicídio ao se pendurar com um lençol no banheiro de sua cela, onde não havia câmeras de segurança, revelou nesta terça-feira (19) uma investigação israelense.
O caso de Zygier, o misterioso "Prisioneiro X", foi revelado há uma semana pelo programa de TV Foreign Correspondent, do canal australiano ABC News. A rede mostrou que Zygier, um australiano que trabalhava para o Mossad (serviço secreto israelense), foi detido secretamente no início de 2010 e que se suicidou meses depois, apesar de estar preso em uma cadeia de segurança máxima.
Na segunda-feira (19), o programa divulgou que Israel aprisionou secretamente Zygier porque acreditava que ele tivesse divulgado detalhes sobre seu trabalho. De acordo com o programa, Israel suspeitava que Zygier havia informado a Asio, agência de segurança da Austrália, sobre operações secretas do Mossad. Até então, Israel jamais tinha reconhecido a existência do agente.
O caso tinha sido relatado em 2010 por um site israelense, mas a Justiça acatou um pedido do governo e proibiu publicações sobre o caso. Após a revelação do canal australiano, na semana passada, o veto veio a baixo.
E hoje a Justiça de Israel autorizou publicações a respeito de um inquérito sobre a morte de Zygier.
Segundo o inquérito, feito pelo Serviço de Prisões de Israel, o detento usou um lençol e, com a ajuda de um banquinho, se pendurou nas barras do banheiro da cela, o único espaço que era não era controlado por câmeras.
Concluído há dois meses, segundo a agência de notícias Reuters, o inquérito revela ainda as conclusões da juíza do caso, Dafna Blatman-Kardai.
Segundo ela, apenas a entrada do banheiro era monitorada por câmeras de segurança. Além disso, as imagens da cela revelam que ninguém interviu na morte de Zygier.
Dafna declarou ainda, segundo o inquérito, que a família do "prisioneiro X" concordou com as descobertas da investigação.
"Uma pequena quantidade de sedativo foi encontrada em seu sangue. Não há sinais de álcool ou drogas. Isso não muda os indícios a respeito da causa da morte", declarou no inquérito um médico forense que avaliou o ex-agente da Mossad.
Grupos de direitos civis e juristas israelenses, críticos à censura que o governo determinou sobre o caso, exigem saber se os direitos do prisioneiro foram violados e se a morte de Zygier poderia ter sido evitada.
Repercussão na Austrália
De dupla nacionalidade, australiana e israelense, Zygier teria sido detido em Israel sob o delito de alta traição, de acordo com o diversos meios de imprensa, embora Israel não tenha confirmado se ele colaborava com o Mossad e nem explicado a razão de sua detenção.
Sobre o caso pesa um segredo que foi parcialmente revelado na quarta-feira passada. O preso teria pego o lençol presumivelmente sob pretexto de querer lavá-lo e, sem que os guardas da prisão notassem, se pendurou no banheiro, segundo os resultados da investigação preliminar divulgada hoje.
O suposto colaborador com os serviços secretos israelenses no exterior foi preso pelas autoridades do país após ter revelado informações aos funcionários da inteligência australiana ASIO, incluindo uma operação iminente na Itália, segundo informou a televisão ABC da Austrália.
O ex-ministro de Relações Exteriores australiano Alexander Downer declarou à imprensa que essa provavelmente não era a razão de sua detenção.
"Suspeito de que era algo mais sério do que apenas compartilhar informação com a ASIO", afirmou.
O caso de Zygier, o misterioso "Prisioneiro X", foi revelado há uma semana pela imprensa, que mostrou que ele foi detido secretamente no início de 2010 e que se suicidou meses depois, apesar de estar preso em uma cadeia de segurança máxima.
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