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Tragédia de Mariana: poder público pede bloqueio de R$ 10 bi da Vale e BHP por impactos no ES

Órgãos de Justiça cobram ações de reparação em ao menos 21 comunidades que não entraram na lista de áreas afetadas

Minas Gerais|Pablo Nascimento, Do R7

Rompimento em Mariana (MG) matou 19 pessoas em 2015
Rompimento em Mariana (MG) matou 19 pessoas em 2015 Rompimento em Mariana (MG) matou 19 pessoas em 2015

O poder público pediu o bloqueio de R$ 10,3 bilhões das mineradoras Vale e BHP Billiton para ressarcir comunidades do Espírito Santo que, segundo os órgãos, precisam entrar na lista de áreas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte.

As duas mineradoras foram citadas, já que são as controladoras da Samarco, proprietária da estrutura destruída e que está sob regime de recuperação judicial.

A ação também pede que os programas e projetos de reparação executados pela Fundação Renova, criada para administrar as ações, sejam ampliados para as regiões citadas.

A ação é referente a comunidades entre as cidades de Nova Almeida a Conceição da Barra. Dentre elas, 21 pertencem aos municípios de Aracruz, Linhares, São Mateus e Serra.

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A lista de comunidades foi indicada em uma deliberação de 2017. O documento define os impactos nas áreas costeira, marinha e estuarina, que são referentes a regiões aquáticas de transição entre um rio e o mar.

De acordo com o MPF, a cidade de Linhares era a única da região que já havia sido reconhecida como atingida, no Termo de Transição de Ajustamento de Conduta (TTAC) assinado em março de 2016.

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A BHP, a Vale e a Fundação Renova disseram que não irão se pronunciar sobre o caso.

Impactos

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A ação aponta para impactos econômicos, sociais e ambientais nos municípios, em função da contaminação do Rio Doce e da costa marítima.

No documento, o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva ressalta que, na época do rompimento, o Projeto Tamar e o ICMBio ( Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) identificaram a presença de uma espuma de sedimentos "com diferentes intensidades e concentrações" em toda a região costeira do Espírito Santo.

Estudos indicados pelos órgãos de Justiça também apontam que a presença de "concentrações significativas" de arsênio e Mercúrio "em grande parte das amostras de água e solo avaliadas". Relatórios também identificaram o aumentos na contração de ferro, vanádio, alumínio, zinco, arsênio, cádmio, manganês e chumbo próximo à foz do Rio Doce. Outro laudo anexado no processo indicou "preocupação" em relação ao consumo de pescado da região.

"Ao longo dos anos, as empresas e a Fundação Renova simplesmente desconsideraram os municípios litorâneos de seus programas. Passados sete anos do rompimento da Barragem de Fundão, a área costeira/litorânea nunca foi atendida por ações de recuperação. Pode-se usar de maneira enfática a palavra 'nunca', porque pode até ser que em um ou outro programa específico tenha ocorrido alguma ação pontual em município litorâneo, mas essa ação foi esparsa e não é digna de nota dentro do cenário que o desastre acometeu no Espírito Santo e diante da omissão das empresas e da Fundação Renova", indica trecho da ação.

"O bloqueio deverá ser feito nas contas da Vale e da BHP, e não da Samarco, considerando que esta se encontra em recuperação judicial e que suas mantenedoras, respectivamente maior e segunda maior mineradoras do mundo, além de possuírem capital suficiente para arcar com os custos da reparação e compensação ambiental, ao firmarem o TTAC, reconheceram sua obrigação solidária de custear com as obrigações advindas do desastre", detalha o MPF.

Rompimento

A barragem de Fundão, da mineradora Samarco, rompeu no dia 5 de novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram. Centenas de famílias ficaram desabrigadas. A lama de rejeitos de mineiro caiu no Rio Doce, levando poluição até o litoral brasileiro, no Espírito Santo. A Fundação Renova ainda não concluiu a reconstrução dos distritos mineiros destruídos.

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