[Avaliação] Sandero RS é o carro mais divertido entre os hatches
Perto de uma mudança de nome ele é o carro mais divertido em sua faixa de preço: casamento do motor com câmbio manual é empolgante e rara
Autos Carros|Do R7
São poucos os modelos esportivos que tem preço de “carro popular” no Brasil. O termo aliás caiu em desuso. A Renault tem em sua linha o Sandero RS, um verdadeiro esportivo, com motor 2.0 flex de 150cv e câmbio manual de seis marchas, uma relação rara que rende muita diversão ao volante. O R7 Autos Carros avaliou o hatch com visual apimentado por uma semana e mostra os prós e os contras do modelo.
Como modelo de nicho o RS acompanhou a renovação do Sandero em 2019 e pouca gente sabe disso. Na rua, são poucos os que conhecem o motor que é derivado do extinto Fluence.
Estilo esportivo
Primeiro é importante destacar seu visual apimentado com detalhes interessantes que atenuam a carroceria avantajada do Sandero. O modelo avaliado por nossa equipe tem a cor “vermelho fogo” com spoilers, aerofólio e grade em colmeia. Apesar de possuir faróis halogenos, as luzes DRL são em LED bem como as lanternas. As luzes em neblina trazem o contorno na cor preta e o pára-choque tem desenho exclusivo para a versão.
As rodas são aro 17” e tem visual escurecido, na parte traseira as lanternas tem máscaras escuras, que conferem um ar de esportividade ao veículo. Por fim, o escapamento tem saída dupla.
Por dentro, a Renault peca na simplicidade. Apesar dos bancos serem esportivos, são de tecido e apresentam faixas na cor vermelha com estilo exclusivo. O volante tem costuras aparentes também na cor vermelha e o emblema RS na parte inferior. Porém, as diferenças entre as versões acabam por aí. O cluster é analógico e a central multimídia é a Media Nav com tela de 7” e espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay.
Os comandos do ar-condicionado são analógicos e um pouco abaixo há espaço para dois copos. A manopla do cambio também não apresenta alterações em relação a outras versões do modelo.
Motor empolga
A parte mais divertida do Sandero RS está sob o capô. A Renault equipou o modelo com propulsor 2.0 16V aspirado, que equipava o SUV Duster assim como o Fluence. A diferença ficou por conta coletor de admissão 20% mais largo, uma nova calibração da central eletrônica, injeção com pressão de trabalho de 4,2 bar, o duto de admissão reposicionado para refrigerar melhor o ar e o sistema de exaustão 5 mm maior em relação às outras versões do carro. São 150cv e 20,9kgfm de torque, quando abastecido com etanol.
É rara essa combinação com o câmbio manual de seis velocidades. Não há, aliás, um hatch com motor dois litros aspirado com tanta potência no mercado. No caso do Fiat Argo 1.8 por exemplo de 139cv só existe a opção combinada com câmbio automático.
Dia a dia
Dirigir o Sandero RS na cidade não é uma tarefa difícil e com o tempo se percebe o quanto ele empolga. O esportivo da Renault tem embreagem macia e câmbio com engates precisos embora a alavanca seja longa. O ponto negativo fica por conta da pesada direção eletro-hidráulica em desuso mas em um esportivo se admite um volante mais calibrado para o peso elevado o que se traduz em mais esportividade. Ponto negativo é na hora de estacionar.
A Renault realmente preparou um carro para entregar esportividade, por isso rebaixou a suspensão em 2,6 cm, deixando o hatch mais duro para enfrentar lombadas e buracos. Além disso, as molas são mais rígidas; 92% na frente e 10% atrás. Por fim, a barra estabilizadora está mais enrijecida: 17% na dianteira e 65% na traseira. Assim, embora muito mais duro que um Sandero convencional ele responde bem em alta velocidade com mais segurança compensando sua elevada altura da carroceria.
Porém o bom desempenho tem seu custo. Rodando na cidade o consumo registrado ao longo do teste foi de 6,0km/l, já na estrada o computador de bordo marcou 8,2km/l, sempre abastecido com etanol.
Para tornar a condução ainda mais divertida, está disponível o seletor de modos de condução: Standart, Sport e Sport+. Além de alterar a rotação da marcha lenta, recebem modificações o pedal do acelerador e os parâmetros dos controles de tração e estabilidade.
O preço para colocar este esportivo na garagem é salgado: R$ 89.990. Com esse preço é possível comprar um hatch turbo 1.0 automático ou um SUV compacto de entrada que de longe não trarão a mesma diversão ao volante. Se comparado com seus concorrentes, que possuem só apelo esportivo, como Fiat Argo HGT 1.8 AT6 e Chevrolet Onix RS 1.0 AT6, o Sandero acaba sendo uma boa opção. Mas é para puristas. A direção e a suspensão são um pouco mais pesados embora ele seja pura diversão com 150cv ao volante. Para quem gosta vale o alerta. A Renault está deixando de usar a sigla RS (Renault Sport) para Alpine porém com foco em novos modelos esportivos e elétricos.
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