Para conterem perdas de arrecadação com a cobrança de imposto sobre combustíveis, os governadores deslancharam várias frentes de ação após derrota na Câmara, que aprovou o teto de 17% para a cobrança do ICMS como forma de forçar a redução dos preços. Parte da estratégia inclui contar com o apoio de senadores que almejam governar estados e que terão cofres mais magros caso o projeto avance. Pelo menos 19 dos 81 senadores disputarão o comando do Executivo nos estados. Em outra frente, buscarão argumentar ao ministro André Mendonça, do Supremo, em audiência prevista para esta quinta-feira (2), que uma conciliação só é possível sem que a medida afete a autonomia administrativa e a capacidade de investimento dos estados. O magistrado é o relator da ação direta de inconstitucionalidade 7.164, em que o governo federal, por meio da AGU, contesta convênio firmado pelos estados envolvendo o preço do diesel. Para a tentativa de conciliação convocada pelo ministro, estão chamados representantes da AGU, dos ministérios da Economia e Minas e Energia, a ANP e representantes dos estados. O ministro atendeu ao pedido da AGU e deu liminar suspendendo os efeitos do convênio instituído pelos estados. Mendonça, no entanto, deseja compreender melhor o sistema de formação de preços e reabriu o diálogo com os governadores. Já no Senado, a sinalização de Rodrigo Pacheco (DEM/MG), que tenta restabelecer o andamento da reforma tributária na Casa, mesmo sem acordo, é vista como resposta ao movimento dos governadores, que enviaram seus secretários de Fazenda para tentar, na prática, barrar o impacto do teto do ICMS, aprovado pelos deputados, estimado em mais de R$ 80 bilhões. Os representantes dos estados voltaram a defender a formação de um fundo a partir de uma “contribuição sobre lucro extraordinário”. A Inglaterra foi citada como exemplo. O país adotou a medida temporariamente, enquanto vigoram os efeitos da guerra na Ucrânia. “Aqui se trata de lucro extra derivado da conjuntura, como ocorre com a Petrobras”, explica o ex-governador do Piauí Wellington Dias. A estatal brasileira obteve lucro de R$ 106 bilhões em 2021 e de R$ 44 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2022. “A taxação desse montante acima do que seria normal viabiliza um fundo de compensação para reduzir o preço de cada litro de combustível e ainda da energia”, explica Dias. “Essa proposta, sim, faz cair o preço”, completa.