O alfaiate Neldício Sacramento, de 83 anos, mantém seu ateliê há três décadas na rua Aurora, nas proximidades do fluxo da Cracolândia, no centro de São Paulo. O mineiro de Pedra Azul chegou à região central de São Paulo nos anos 1960. Trabalhou na rua Barão de Itapetininga, antigo reduto da moda na cidade. Dessa época, ele conserva o costume de usar terno e gravata diariamente para trabalhar. Muitas outras coisas mudaram, a região se degradou, mas Neldício mantém a esperança de ver a área melhorar.
Alguns clientes mais famosos se foram, acompanhando as mudanças na produção de roupas que fizeram despencar o número de alfaiates. Outros, fiéis, continuam solicitando os serviços de Neldício.
Seu ateliê ocupa um espaço apertado, onde ficam uma máquina de costura, tecidos e um rádio, que é a companhia do trabalhador.
Neldício afirma que já foi assaltado e derrubado no chão, na rua. Levaram seu relógio e carteira. Mesmo assim, optou por não sair da região.
“Você nunca pode esperar que vai piorar, tem que esperar melhorar. Não vou sair. Se não me expulsarem, não vou sair”, afirma o alfaiate.