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Caso Yoki: Perícia realizada em prédio de Matsunaga procurou "pontos cegos"

Promotor está convencido de que é possível entrar no edifício sem ser flagrado por câmeras

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Elize está presa no Complexo de Tremembé, no interior de São Paulo
Elize está presa no Complexo de Tremembé, no interior de São Paulo Elize está presa no Complexo de Tremembé, no interior de São Paulo

O promotor de Justiça José Carlos Cosenzo está convencido de que é viável entrar no apartamento onde moravam Elize e Marcos Matsunaga, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, sem ser flagrado pelas câmeras de segurança do prédio. Segundo ele, na terça-feira (10), o Instituto de Criminalística esteve no edifício para identificar a existência de possíveis "pontos cegos" no local. A nova perícia havia sido requisitada pelo Ministério Público, no inquérito policial que apura a presença de uma terceira pessoa na cena do crime, além da acusada e da vítima, que era executivo da Yoki. A investigação foi aberta em outubro do ano passado, também a pedido do promotor.

Desde que confessou ter matado o marido, Elize sempre sustentou que praticou o assassinato e se livrou do corpo de Matsunaga sozinha. Na avaliação de Consenzo, há provas de que a ré teve ajuda após atirar contra a cabeça da vítima.

— O que quero deixar bem claro é que não é para apurar nada a respeito da morte do Marcos, e sim a possibilidade de uma outra pessoa. Esse inquérito não vai melhorar nem piorar a situação da Elize.

De acordo com o promotor, há dois caminhos que poderiam ter sido feitos por um suposto comparsa, sem que fosse flagrado pelo circuito interno do prédio. Um deles seria por meio de um portão lateral, uma saída de funcionários, que não tem câmera e foi mencionada no depoimento da prima do empresário.

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— Há o portão lateral, que não é monitorado por câmeras e que não é operado exclusivamente pela portaria. Muitos condôminos têm chave.

Conforme o promotor, também não havia câmera no segundo subsolo do edifício.

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— Além do que, se a pessoa entra com carro, ela dentro do veículo, a partir do momento em que ingressa no segundo subsolo, está imune a qualquer filmagem. Se ela não subir pelo elevador, mas pela escada, ela pode ir para qualquer pavimento pela área de serviço.

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O representante do MP diz também que, no inquérito, está tentado checar, de “forma técnica e científica”, qual o tempo gasto por Elize a partir do momento em que ela saiu do apartamento até Cotia, onde partes do corpo da vítima foram deixadas.

— Qual o tempo que ela gastou na ida e verificar, dentro dessa cronologia, se eram razoáveis os horários e os momentos em que ela fez as ligações que foram detectadas por Estações Rádio Base [...] Se ela estava no local em que a antena captou, se era possível, dentro daquele local, desenvolver a viagem para chegar, mais ou menos, no momento em que testemunhas verificaram alguém ali jogando os pedaços do corpo.

Cosenzo acrescenta, deixando clara qual a finalidade do pedido.

— Se não deu o tempo, quem foi que dispensou o cadáver? Poderia ter sido outra pessoa.

Diferença de cortes

Para o representante do Ministério Público, as provas contidas no processo indicam que Elize Matsunaga não teria agido sozinha. Um dos pontos destacados pelo promotor é a forma como foi feito o esquartejamento da vítima.

— Os peritos, com exceção do assistente dela, são unânimes em relação à impossibilidade de uma pessoa sozinha fazer, principalmente, aquele corte abdominal [...] Pela qualidade do corte, o médico falou que só poderia ter sido feito com ferramentas apropriadas. Ele não usa o termo “instrumento contundente”, mas ferramentas apropriadas.

O laudo necroscópico apontou que os cortes dos membros superiores e inferiores de Marcos Matsunaga apresentavam características diferentes, reforçando a suspeita de que, além de Elize Matsunaga, ao menos mais uma pessoa teria participado do esquartejamento.

No documento, o médico-legista destaca que as secções tinham "características praticadas por pessoa ou pessoas com noções de anatomia”. No entanto, o perito identificou imprecisão nos cortes feitos nos membros superiores da vítima, indicando que o responsável por essas secções não teria conhecimento da anatomia do local.

Consenzo destaca ainda que a perícia encontrou na cena do crime, material genético de um homem, que não era o empresário.

Em maio deste ano, o R7 entrevistou o advogado Luciano Santoro, que representa a ré. Na ocasião, ele ironizou a tese do Ministério Público sobre a participação de um comparsa, dizendo que não havia nada que indicasse isso.

— Ele se sustenta num exame que fala que havia uma mistura de DNA, só que o Ministério Público não fala para a opinião pública aquilo que o outro laudo disse, que essa mistura de DNA poderia estar lá há 20 anos, que não tem como saber se ela é concomitante, se é anterior, se é posterior. A gente tem outros elementos de prova que indicam que não há uma terceira pessoa no crime. Só se uma pessoa entrou [na cobertura] de trenó, rapel.

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