Defesa de Elize Matsunaga tem nova derrota na Justiça
Recurso pedia a retirada de provas dos autos que poderiam dificultar a defesa da ré
São Paulo|Ana Claudia Barros, Caroline Apple e Vanessa Beltrão, do R7
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou pela segunda vez o recurso da defesa de Elize Matsunaga. Os advogados pediam a retirada de provas que foram incorporadas ao processo após a ação penal, o que poderia dificultar a estratégia de defesa da ré.
Os advogados de Elize afirmaram nos autos que a apresentação de novas provas acarreta em insegurança jurídica, "uma vez que até o dia anterior ao do julgamento pelo Tribunal do Júri poderiam surgir novas diligências surpresa, o que impediria a acusada de exercer plenamente o seu direito de defesa".
Os advogados da ex-enfermeira acreditam que o julgamento deva ocorrer até setembro deste ano. O caso completará três anos no dia 19 de maio.
De acordo com Luciano Santoro, um dos advogados de defesa, um novo recurso foi apresentado ao STJ e, posteriormente, também será enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A nova decisão da Justiça entra para a lista de derrotas da defesa de Elize, que tenta minimizar os impactos do crime para conseguir uma pena mais branda do júri.
A primeira perda foi quando a defesa tentou retirar duas das três qualificadoras do crime: meio cruel (no qual a vítima sofre desnecessariamente) e recurso que dificultou a defesa da vítima (como traição de confiança ou emboscada). A outra qualificadora é motivo torpe (motivo fútil). A Justiça decidiu, duas vezes, que quem deve analisar se houve esses agravantes é o júri popular.
A especialista em perícias criminais Roselle Soglio, que faz parte da defesa de Elize, afirma que o meio torpe não foi pedido para ser retirado, porque a defesa entende que o tribunal do júri é que tem que analisar, entretanto Roselle explica os motivos da tentativa de retirada das demais qualificadoras.
— Ela [Elize] não matou o Marcos com um tiro a curta distância, muito pelo contrário. O médico-legista coloca que foi um tiro de médio a longa distância e também não teve a surpresa dele em relação a ela [o que anularia a dificuldade de defesa da vítima]. Também ficou comprovado na exumação que não existiu meio cruel porque o Marcos já estava morto e, segundo o médico-legista, há mais de três ou quatro horas, quando a Elize esquartejou o corpo [de Marcos].
A defesa também já enviou novos recursos ao STJ e ao STF para continuar a tentativa de retirada dos dois agravantes.