O líder comunitário Wilson Hermes Alves Fiuza, 59 anos, conhecido por solucionar problemas do bairro Gleba do Pêssego, foi encontrado baleado às 20h50 da sexta-feira (18), na rua Malmequer do Campo, na zona leste de São Paulo. "Era uma pessoa muito carismática e conhecido principalmente por ajudar moradores da região", diz Rodrigo Reis, assistente social e líder comunitário do bairro vizinho, Jardim Helian.
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De acordo com o boletim de ocorrência, policiais militares receberam na sexta-feira um chamado após um disparo de arma de fogo e no local indicado encontraram um homem baleado dentro de um carro, um EcoSport. Segundo a polícia, Wilson foi socorrido ainda com vida e levado ao Pronto Socorro do Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, mas não resistiu.
Após a análise das câmeras de segurança, segundo informou a polícia, foi constatado que a vítima foi baleada por dois homens com capacetes, utilizando uma motocicleta. Na sequência, os suspeitos teriam fugido do local. As cápsulas das balas utilizadas no crime foram encaminhadas ao IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt) para o levantamento de impressões digitais.
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O celular de Fiuza, segundo a polícia, foi apreendido para colaborar com as investigações. Foram solicitados exames aos Institutos de Criminalística e Médico Legal. O caso foi registrado como homicídio simples no 53º DP (Parque do Carmo).
Personagem de livro
Fiuza gostava de discutir os problemas do bairro com os moradores. Dessa forma, ele ajudou na formação de diversos líderes comunitários de bairros vizinhos. "Ia na casa dele para pensar sobre como seria o bairro daqui a dez anos, o que mudaria com a chegada dos grandes empreendimentos", afirmou Reis. "Tenho ele como uma referência"
Reis e outros líderes comunitários devem publicar em dois meses o livro "Memórias do Jardim Helian", com história dos moradores mais antigos dos bairros da zona leste. "A história de vida de Fiuza estará nas páginas da publicação. Ele começou a lutar pelo asfalto, iluminação pública."
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Nos últimos meses, diz Reis, Fiuza auxiliava os moradores do Gleba do Pêssego a regularizar a situação em conjuntos habitacionais. Além disso, ele atuava também na formulação de políticas públicas de educação. "Não estava no trabalho de base", diz Reis.
Embora Reis não saiba apontar eventuais motivações para o crime, o líder comunitário diz que questionar o poder público coloca quem executa essas atividades em situações de vulnerabilidade. "Cria-se divergências sem se querer."
Fiuza não era casado e não tinha filhos, morava com a mãe, de 93 anos. "No velório dele, estava conversando com os líderes comunitários, as pessoas estão indignadas, é uma pessoa que construiu uma história", afirma.