O diretor da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo), Martim de Almeida Sampaio, criticou as ações da PM (Polícia Militar) durante o ato contra a Copa do Mundo, ocorrido no último sábado (25) na capital, e que deixou uma pessoa baleada. Há ainda um vídeo que mostra o atropelamento de uma mulher, o que também comprovaria, na opinião dele, o despreparo dos oficiais da corporação. Se o incidente envolvendo o estoquista Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, baleado com dois tiros na região central por policiais militares, ainda apresenta dúvidas nas duas versões, o mesmo não pode ser dito no caso da moça atropelada por uma moto da Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas), e depois agredida por outro PM. Sampaio comparou a ação a personagens da ficção. — O da menina não há o que dizer, estava ali sentada no chão. É um desprezo pela vida humana. A pessoa veste a farda da PM e vira um zumbi, um Robocop, não tem mais nenhuma sensibilidade, esquecendo ela que em algum momento pode ser vítima dessa violência que ela propaga.“Depoimento foi precário”, diz advogado de jovem ferido em ato contra Copa em SPCorregedoria da PM quer identificar policiais que atropelaram e agrediram mulher em protesto O advogado está acompanhando os dois casos e deve procurar a Polícia Civil nesta quinta-feira (30) para obter mais informações sobre o que está sendo feito em termos de investigação. No caso de Chaves, ele disse que o vídeo divulgado no último domingo (26), que demonstraria uma suposta tentativa de agressão por parte do rapaz, não comprova nada até aqui. — O que está prevalecendo é a versão da polícia, oficialmente falando. Não há nenhuma contestação material. Existe um vídeo, que não esclarece nada e nos deixa até confuso. Estou até tentando falar com a família do rapaz, para saber a versão dele (...). Olhando o vídeo não conclui nada, só percebe uma inocência do policial. Você fica com o pé atrás com a polícia, principalmente de São Paulo, pelo desserviço aos direitos humanos e à democracia. Agora, o que eu acho que vai ajudar muito a entender essa história será a reconstituição, porque se a versão for insuficiente, ela desaba.Jovem baleado pela PM em protesto apresenta melhora e está conscientePM defende ação, mas vai investigar policiais sem identificação em ato contra Copa No caso da mulher atropelada, Sampaio apontou a PM até mesmo como um entrave para que sejam descobertos os policiais militares envolvidos nas agressões. O que está claro para ele é o despreparo da PM para conter protestos, os quais em 2014 serão muitos, sobretudo aqueles contrários à Copa do Mundo, evento que acontece no País em julho. — Sendo franco com você, a gente tem muita dificuldade em lidar com a Polícia Militar, de ter acesso aos autos, não permitem, é uma conversa de louco. Esse vídeo é um horror, é uma moça sentada e sendo atropelada por uma moto da Rocam. Uma coisa que demonstra um total despreparo da PM, ausência de comando, falta de preparo técnico, uma certa indisciplina, e uma falta de profissionalismo. E esse ano, particularmente, por todos os ingredientes que estão adicionados, a Copa de 2014 e essa coisa toda, me parece que será um ano que vai exigir muito a polícia e essa polícia não está preparada não. A Polícia Militar já informou nesta semana que os dois casos já estão sendo apurados pela Corregedoria da corporação e que, comprovados excessos e condutas ilegais, os policiais serão punidos.Promotores criticam “elogios” à ação da PM Em nota divulgada na última terça-feira (28), promotores de Justiça do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) criticaram o “exame prematuro do mérito” acerca da conduta policial durante o ato contra a Copa do Mundo em São Paulo. Segundo os promotores, o caso será analisado “no momento oportuno”, após o término das investigações que estão em andamento por parte da PM e da Polícia Civil. Além disso, de acordo com a nota, cabe ao Ministério Público “promover o enquadramento da conduta dos policiais militares envolvidos”.Assista ao vídeo: