Ayurveda: "foco de medicina indiana não é tratar a doença, mas criar saúde", afirma terapeuta
Técnica usa massagem para restaurar o bem-estar físico, mental, energético e emocional
Saúde|Fabiana Grillo, do R7
Incenso, música, iluminação baixa e óleos. É neste ambiente que a professora Patrícia Salatini, 28 anos, tenta equilibrar corpo e mente com a massagem ayurveda. Há dois anos ela faz psicoterapia para lidar melhor com seus sentimentos, mas há três meses sua terapeuta indicou complementar as sessões com as técnicas ayurvédicas.
— Fiz a massagem apenas três vezes, mas já sinto a diferença. Nos primeiros dias fico mais sensível, introspectiva e observadora. Depois isso passa e dou mais atenção ao autoconhecimento e aos meus sentimentos. Além disso, tenho mais disposição e menos dores de cabeça.
A massagem dura cerca de uma hora e, segundo Patrícia, “não é relaxante, mas intensa e em alguns pontos do corpo dói”.
— Sinto mais dor nos pés, coxas e barriga. Não dá nem para dormir, mas mesmo assim adoro e não pretendo parar, já que me ajuda a lidar melhor com as emoções.
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A massagem é apenas uma das técnicas que os terapeutas ayurvédicos utilizam para restaurar o bem-estar físico, mental, energético e emocional, explica Erick Schulz, vice-presidente da ABRA (Associação Brasileira de Ayurveda).
— O foco da ayurveda não é tratar a doença, mas criar saúde. Acreditamos que remédio não se resume a ervas e cápsulas. Tudo que gera saúde e faz bem ao organismo é considerado um medicamento para nós.
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Schulz, que também é diretor do Instituto Naradeva Shala, em São Paulo, ressalta que “a técnica milenar atua como complemento da medicina convencional e não como substituição”.
— Se um paciente com câncer está fazendo quimioterapia, por exemplo, ele não deve parar o tratamento, mas pode aliar com a ayurveda. Acreditamos que cada ser humano é diferente do outro e que o mesmo tratamento não pode beneficiar todos da mesma forma.
No Brasil, a medicina ayurveda é considerada alternativa, mas na Índia — onde existe há cerca de 4.000 anos — é um dos seis tratamentos oficiais do país. Schulz explica que o primeiro passo da técnica é estudar o indivíduo.
— Trabalhamos em várias vertentes de acordo com a necessidade de cada indivíduo, pois queremos que eles aprendam a se conhecer. Seguimos um ditado que diz ‘corpo com saúde, corpo sem doença’.
Para atingir esse equilíbrio, a ayurveda recorre não só a massagem com óleos, mas também a alimentação adequada, fitoterapia, ioga, exercício físico, sono de qualidade e tudo que possa beneficiar o organismo.
Embora ainda pouco conhecida, o vice-presidente da ABRA afirma que cerca de 2.500 profissionais se formam por ano em cursos específicos para trabalhar com a ayurveda. Quando Patrícia resolveu experimentar a técnica, também tinha ouvido falar muito pouco sobre o assunto, mas aprovou.
— A massagem fez tanto efeito que agora estou curiosa para saber como meu corpo vai reagir com a alimentação de acordo com meu dosha [caracterização do perfil biológico do indivíduo].